segunda-feira, 20 de junho de 2011

Mercado Ver-o-peso. Riqueza de Belém-Pará.


Mercado Ver-o-Peso

A mais movimentada feira livre de Belém é o lugar onde se encontra uma amostra do universo de variedades que compõem a cultura paraense.

Mercado Ver-o-Peso, em Belém, mistura um passado
que continua vivo, com um presente cheio de inovações.

Doca do Porto de Belém, ao lado do Forte do Castelo, quem visita Belém não pode deixar de conhecer o famoso mercado a céu aberto. É lá que a cidade acorda há mais de três séculos, com a chegada dos barcos, bem cedinho.
Sua origem data da segunda metade do século XVII. Em 21 de março de 1688, quando resolveram estabelecer um rígido controle alfandegário na Amazônia, os portugueses criaram um posto de fiscalização e tributos - a casa do Haver-o-Peso. Uma balança e um funcionário público mediavam as transações comerciais da época.
Os tempos passaram e a feira, onde se vende e compra de tudo, continua sendo o mais bonito cartão postal de Belém.
O Ver-o-Peso é uma mistura de um passado que continua vivo, com um presente cheio de inovações que tentam adentrar naquele mundo. Começou com um ancoradouro simples, onde embarcações de todo mundo aportavam na Baía do Guajará, formada pelos rios Guamá, Moju e Acará. Atualmente ali encostam tanto os barcos de pesca quanto as pequenas canoas.


Atualmente, está sendo desenvolvido
um projeto de revitalização de todo o complexo


Obras arquitetônicas não faltam. Em meio a tanta simplicidade encontram-se traçados deslumbrantes como o Mercado Municipal de Carne, feito por Francisco Bolonha. O Mercado de Ferro, ou de Peixe, com suas inesquecíveis torres, é um dos cartões postais da cidade. À primeira vista, a impressão não é das melhores, mas vale a pena reparar nos detalhes das colunas e das escadas, todas em ferro forjadas em Londres e Nova York, foram montadas no local, o que da uma idéia do apogeu econômico do ciclo do látex na Amazônia. Ou mesmo o Solar da Beira, construção em estilo neoclássico, onde funcionava a antiga fiscalização municipal e atualmente é usado como espaço cultural.
Bem pertinho do ancoradouro, depois de passar pela feira onde pode-se comprar de tudo, encontra-se a Praça do Pescador, um local agradável onde pode-se observar uma bela paisagem.
O complexo Ver-o-Peso é formado ainda pela Praça do Relógio, Praça dos Velames e pelo Palacete de Bolonha. Este, foi um presente do engenheiro Francisco Bolonha para sua esposa Alice, em 1905. Hoje faz parte do patrimônio histórico da cidade. Construído com diferentes materiais importados, tem estilo eclético. Nele encontramos "art nouveau", elementos neoclássicos, góticos e barrocos. As telhas foram pintadas de forma a proporcionar um bonito jogo de cores à distância.
Ao todo são 26,5 mil metros quadrados, onde estão instaladas duas mil barracas e casas comerciais populares onde são vendidos, desde carnes, peixes, legumes, frutas, artigos regionais, artigos de umbanda, ervas medicinais, roupas e bijuterias. Apesar de parecer um grande varejão, a mistura de cores, cheiros e objetos é muito interessante, além de folclórica.

Praça do Relógio, um dos tantos marcos
arquitetônicos do complexo Ver-o-Peso

Mandingas, encantarias e remédios para todos os males são uma atração a parte na maior feira-livre do Brasil. As mandingueiras, chamadas de bruxas por muitos, são mulheres que vivem de misturar ervas, perfumes e pedaços de animais, criando "poções mágicas".


Mandingas, encantarias e
remédios para todos os males


Para as mandingueiras, qualquer problema tem solução. Os preparados são indicados para resolver vários problemas como traição, solidão, atrair bons negócios, espantar mau olhado e curar doenças. Na maioria das vezes, as mandingueiras convidam os visitantes a conhecer o poder das ervas amazônicas.
Atualmente, o Ver-o-Peso funciona como entreposto comercial de Belém, aonde barcos chegam às docas trazendo produtos do rio e da floresta, que depois serão vendidos nas barracas amontoadas no pátio junto do mercado de peixe. Ali são vendidas até 10 toneladas de peixe diariamente. Há também as barracas de cheiro, e a conhecida Feira do Açaí.
A feira, como o nome sugere, é um entreposto de comercialização do açaí, fruto que é produto básico da alimentação do paraense. A feira se ergue numa espécie de terraço construído ao pé da muralha do forte. Num dos extremos da feira, um quiosque abriga uma pequena loja de artesanato. Ali funcionou o primeiro necrotério da cidade.
Além da venda do açaí que vem das ilhas próximas, dispõe de bares onde os freqüentadores desfrutam da tranqüilidade de poder experimentar bebidas e comidas típicas ao sabor da brisa que sopra da Baía do Guajará.
Infelizmente, nos dias de hoje o cartão postal de Belém está um pouco abandonado, e para visitá-lo é preciso ter cuidado com bolsas, carteiras e máquinas fotográficas. A Prefeitura de Belém e o Instituto Herbert Levy estão desenvolvendo um projeto de revitalização do Ver-o-Peso, que já foi cantado em versos de Manuel Bandeira e Mário de Andrade. "A idéia é conseguir, junto a iniciativa privada, com a Lei de Mecenato, R$ 25 milhões para recuperar os prédios e garantir a limpeza e segurança total no complexo", diz o secretário municipal de cooperação e captação de recursos, Rodrigo Peixoto. Mas aparte os problemas, Ver-o-Peso é um lugar onde se encontra uma amostra do universo de variedades da cultura paraense. O intenso movimento dos barcos e o vai e vem das pessoas empresta um belíssimo colorido à paisagem, já bastante atraente pela variedade de produtos expostos à venda.

Praça do pescador, no complexo do Ver-o-Peso,
oferece sempre uma boa paisagem

Há muito a descobrir. É um mundo cheio de pequenos e interessantes detalhes. A maneira como as pessoas se comportam, andam, falam, é diferente. Um lugar muito diversificado, onde todos se encantam, às margens do rio onde nasceu Belém.


Uma amostra do universo
de variedades da cultura paraense


Sobre a cidade, já dizia Euclides da Cunha, "não se imagina, no resto do Brasil, o que é Belém". Uma das primeiras cidades brasileiras a ter luz elétrica nas ruas, bonde e telefone. Belém foi fundamental para a conquista da Amazônia. Repleta de túneis formados por mangueiras seculares, plantadas para aliviar o calor, Belém tem em torno de 1,3 milhão de habitantes que vivem principalmente do comércio, da indústria e da economia informal. Os belenenses são orgulhosos da sua culinária original, das frutas da terra, do artesanato indígena, dos ritmos e das tradições religiosas. A cidade responde por cerca de 60% do PIB do Pará (12,8 bilhões), e seu grande "marketing" turístico é a festa do Círio de Nazaré, que mobiliza 1,5 milhão de pessoas no segundo domingo de outubro.

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