segunda-feira, 20 de junho de 2011

De presídio a polo joalheiro (São José Liberto), riqueza de Belém.


São José Liberto

O velho presídio agora é São José Liberto. Abriga o Museu de Gemas do Pará, o Pólo Joalheiro e a Casa do Artesão. O local, inaugurado em outubro de 2002, pelo então governador Almir Gabriel, está se tornando referência para o mercado joalheiro paraense por conta das jóias em ouro e gemas produzidas pelo talento dos ourives e designers paraenses. No local, o artesanato e as cerâmicas marajoara e tapajônica também ganharam espaço.

O prédio do antigo presídio levou quase dois anos para ser totalmente reformado, representando um investimento de R$ 8 milhões. A inauguração do Pólo Joalheiro também representa um novo estágio no processo de verticalização mineral do Estado que detém mais de 50% das reservas minerárias brasileiras, sendo o ouro um dos principais produtos explorados e comercializados em todo o país.

O Complexo foi inaugurado em plena semana do Círio de Nazaré. O objetivo foi homenagear os turistas, em especial os paraenses, que estão em Belém motivados pela energia positiva da maior festa religiosa do país. O antigo presídio foi palco de muitas rebeliões e sofrimentos.

A solenidade de inauguração reuniu autoridades, políticos, operários e artistas como a cantora Fafá de Belém. Além do padre Ronaldo Menezes que abençoou a obra e o artesão paraense Levy Cardoso que falou em nome da classe. O Complexo São José Liberto despertou nos artistas o sonho e a perspectiva de um futuro promissor para a carreira e para a comercialização de suas peças.

Museu de Gemas do Pará reúne peças com até 500 milhões de anos

O Museu de Gemas do Pará, instalado juntamente com a Oficina de Jóias e Casa do Artesão, no São José Liberto, reúne mostras com até 500 milhões de anos, como uma gigantesca pedra composta por pegmatito e quartzo com Turmalina, procedente do Vale do rio Tocantins, no sudeste do Pará.

O acervo do Museu conduz o visitante a um passeio pela beleza e brilho das ametistas, quartzos, turmalinas, diamantes, procedentes de várias regiões do estado do Pará e Rondônia. Todas as pedras estão em estado bruto. O Museu também conta a história desses minérios, regiões de origem e como o homem costuma utilizá-lo nas mais variadas formas e funções.

As peças da coleção do Museu de Gemas do Pará podem ser encontradas nas mais variadas pedras e tamanhos que chamam a atenção do público pelo simbolismo de um passado recheado de história dos antigos povos indígenas. No museu também é possível encontrar pontas de flechas confeccionadas em quartzo; calendários utilizados pela civilização Tapajó Konduri, originária na região dos rios Trombetas e Curuá, na região Norte do Pará.

A coleção do Museu de Gemas dedicou um capítulo especial ao muiraquitã. Encontrado em forma batraquial e cilíndrica, o muiraquitã é considerado um amuleto de proteção da atividade de caça e pesca pela Cultura Marajoara.

Os diamantes do estado de Rondônia também estão no acervo do Museu, que reúne ainda mostras das centenárias cerâmicas marajoara e tapajônica. Por causa da importância histórica e do valor de mercado das peças, o Museu só permitirá visitas monitoradas em horários pré-estabelecidos pela direção.

O antigo presídio São José tem 250 anos de história. A primeira função do prédio foi de convento construído pelos missionários Franciscanos da Província de Nossa Senhora da Piedade, sob a invocação de São José, em 1749. O edifício fora construído num terreno herdado pelo 13º capitão-mor do Pará, Hilário de Souza Azevedo.

Mas logo os frades seriam expulsos, por ordem do Marquês de Pombal, em 1758. O convento foi ocupado pelo governo, que transformou o local em depósito de pólvora, depois em quartel, em seguida abrigou uma olaria, um hospital e, em 1843, virou cadeia pública.

Dessa fase em diante, o local entrou para a história como prisão e fim de vida para dezenas de pessoas condenadas à morte. No São José também existia o "oratório", onde os presos passavam seus últimos momentos de vida antes do cumprimento da sentença de morte. Além dos homens e mulheres infratores condenados, o velho presídio também recebia os escravos, mandados por seus senhores para serem açoitados.

Na história recente do presídio também não faltaram episódios como as constantes rebeliões. Mesmo com a desativação do presídio em 2000, pelo governador Almir Gabriel, o carma do sofrimento continuou habitando o local. Durante as obras de reformas, o secretário de Cultura Paulo Chaves Fernandes disse ter sentido o "peso do negativismo" e do sofrimento retratado nas ínfimas celas que abrigavam dezenas de presos. "Mas atrás das agruras existia a liberdade, pois em muitas celas encontramos pinturas com motivos de pássaros e montanhas que representavam a liberdade daquelas almas condenadas", lembrou, emocionado.

A primeira reforma do prédio tinha ocorrido em 1894, por ordem do então governador Lauro Sodré. Houve ainda outras duas reformas, ocorridas em 1926 e em 1943. Esta última foi no governo de Magalhães Barata, com o início de obras para adaptação de estrutura e um conceito de sistema penitenciário. Entre os anos 50 e 60, recebeu a denominação de presídio São José, com novas mudanças nas instalações físicas.

Em 2000, o governador Almir Gabriel autorizou a desativação total do presídio, transferindo os presos para um novo presídio, construído no município de Marituba. Parcialmente restaurado e reciclado ganhou a carinhosa e poética denominação de "São José Liberto", abandonando definitivamente a imagem negativa, e dando espaço à luz, cores, brilho, trabalho, pesquisa, além de estimular a cultura e a fabricação de jóias, artesanato e a cerâmica do estado do Pará.

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