Padre Pio jamais rejeitou a “Nova Missa”
Circula entre alguns grupos de católicos a
ideia que todo abuso litúrgico cometido durante a celebração da Santa
Missa é, necessariamente, uma consequência das “heresias e modernismos”
introduzidos pelo Concílio Vaticano II. Essas
afirmações, lamentavelmente, partem de católicos praticantes, em sua
parte devotos e bem-intencionados. Contudo, essas pessoas, apesar de
zelosas e engajadas no combate à profanação da Santa Missa, não
raramente desconhecem o conteúdo dos documentos produzidos pelo CV II,
uma vez jamais os leram e deixam-se influenciar pelas opiniões
equivocadas de outros. Há ainda aqueles que apesar de conhecerem alguns
dos documentos conciliares, costumam interpretá-los de modo pessoal e
particular, apartados totalmente da saberia e autoridade do Magistério
da Igreja no ensinamento da fé.
Primeiro, é importante lembrar que o
Concílio Vaticano II não foi um Concílio dogmático, uma vez que não
declarou nenhum dogma novo, mas sim um concílio Pastoral. Ou seja, seu
objectivo era a instrução pastoral de assuntos relevantes à prática da
fé e não formulação de novas doutrinas e dogmas pertinentes à ela. A
defesa do Concílio Vaticano II não é, portanto, uma tarefa apenas para
os “modernistas” católicos, como costumam dizer os “tradicionalistas”,
mas para todo católico obediente e fiel ao Magistério da Igreja.
Contudo, a obediência ao CVII não quer dizer desprezo pela e
solenidade da Santa Missa no Rito Tridentino, a chamada missa
tridentina, nomeada assim após o Concílio de Trento. Porém, isso não
equivale dizer que a Santa Missa torna-se menos Santa quando é celebrada
num ou noutro Rito, pois é um Sacrifício oferecido em nome de um Outro,
maior que a nossa preferência pessoal. Não contestamos tampouco que
alguns Ritos sejam mais solenes ou esteticamente mais belos que outros,
contudo, a Missa não é uma celebração para o homem, mas para Deus.
É bastante preocupante o rumor espalhado
por alguns adeptos do Rito Tridentino de que um santo notoriamente fiel
aos ensinamentos da Igreja, como Padre Pio, tivesse, ao fim de sua
vida, rejeitado a Missa Novo Ordus. Na verdade, isso confirma a
natureza controversa deste tema e serve também com um alerta, afinal,
algumas pessoas estão dispostas a se usarem até mesmo de um argumento
falso, como a oposição de Padre Pio à Nova Missa, para sustentarem seu
ponto de vista.
Na verdade, devido à época em que viveu, a
missa que o Padre Pio oferecia era de acordo com o Missal, tal como
existia antes do Concílio Vaticano II, a Missa Tridentina. Quando os
novos ritos começaram a aparecer em meados dos anos 1960 (finalizado em
1969 depois de sua morte) Padre Pio continuou a celebrar a Missa no Rito
“antigo”. Por esse motivo, tem sido alegado por alguns que isso ocorreu
devido à sua insatisfação com as mudanças litúrgicas. No entanto, isso
não era o caso. Já com mais de 80 anos de idade e ficando cego a única
maneira prática de Padre Pio oferecer a missa era reza-la como ele tinha
feito ha 50 anos. Este mesmo privilégio foi concedido por lei a todos
os sacerdotes idosos. Mais tarde, ao Padre Pio também seria dada a
permissão para sentar-se durante a totalidade da missa, sendo incapaz de
resistir por longos períodos. O verdadeiro caráter da apresentação
impecável do Padre Pio para a Igreja e sua aceitação de todos os
ensinamentos do Vaticano II e do Papa e da disciplina pode ser visto na
carta que escreveu ao Papa Paulo VI, em setembro de 1968.
Sua Santidade,
Uno-me com meus irmãos para apresentar a
seus pés o meu respeito afetuoso, toda a devoção à sua pessoa minha
agosto em um ato de fé, amor e obediência à dignidade daquele a quem
representa nesta terra. A Ordem dos Capuchinhos foi sempre na primeira
linha no amor, fidelidade, obediência e devoção à Santa Sé, peço a Deus
que ela possa permanecer assim, e continue na sua tradição de seriedade e
austeridade religiosa, pobreza evangélica e fiel observância do Regra e
Constituição, certamente renovando-se na vitalidade e no espírito
interior, de acordo com as guias do Concílio Vaticano II, a fim de estar
sempre pronto para atender às necessidades da Igreja Matriz sob o
governo de Vossa Santidade.
Eu sei que seu coração está sofrendo
muito estes dias, no interesse da Igreja, pela paz do mundo, para as
necessidades dos inúmeros povos do mundo, mas acima de tudo, pela falta
de obediência de alguns, até mesmo católicos, para o ensino de alta que
você, assistido pelo Espírito Santo e em nome de Deus, estão nos dando.
Eu lhe ofereço minhas orações e sofrimentos diários como uma
contribuição pequena, mas sincera, da parte do menor dos seus filhos, a
fim de que Deus possa dar-lhe conforto com a sua graça para seguir o
caminho reto e doloroso na defesa da verdade eterna, que
nunca altearão com o passar dos anos. Além disso, em nome dos meus
filhos espirituais e os grupos de oração, eu o agradeço por suas
palavras claras e decisivas que você, especialmente pronunciou na última
encíclica “Humanae Vitae”, e eu reafirmo a minha fé, minha obediência
incondicional às suas direções iluminadas.
Que Deus conceda a vitória da verdade,
paz à sua Igreja, tranqüilidade para o mundo, saúde e prosperidade a
Vossa Santidade de modo que, uma vez que estas dúvidas são dissipadas
fugazes, o Reino de Deus triunfe em todos os corações, guiado pelo seu
trabalho apostólico como Supremo Pastor de todo o Cristianismo.
Prostrado aos seus pés, peço-lhe para me
abençoar, na companhia de meus irmãos na religião, meus filhos
espirituais, os grupos de oração, meus queridos doentes e também para
abençoar todos os nossos bons propósitos que estamos tentando cumprir
sob sua proteção em nome de Jesus.
Humildemente,
P. Pio, capuchinho
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FONTE: http://igrejamilitante.wordpress.com/2012/08/12/padre-pio-jamais-rejeitou-a-nova-missa/
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