sexta-feira, 2 de novembro de 2012

COMO A SAMARITANA JUNTO DO POÇO: POR CARDEAL ODILO SCHRER.

Como a Samaritana junto do poço

Artigos

31/10/2012
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Muitas vezes, a humanidade se parece, em nossos dias, com a Samaritana, que encontra Jesus junto ao poço de Jacó
A 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos foi concluída em Roma no Domingo, 28.10, com a Missa celebrada pelo Papa Bento 16 na Basílica de São Pedro, concelebrada pelos Cardeais, Bispos e Padres participantes do Sínodo. Foram 3 semanas de intensos trabalhos, que revelaram mais uma vez a imensa riqueza espiritual e humana da Igreja, na unidade de sua mensagem e missão e na variedade de suas expressões locais.
A Assembleia sinodal produziu um grande volume de depoimentos, reflexões e testemunhos, sintetizadas nas 58 “Propostas” finais entregues ao Papa, como resposta à sua convocação da Assembleia para ouvir o Episcopado e outros participantes sobre o tema da nova evangelização para a transmissão da fé cristã; publicou também uma Mensagem densa e bela, endereçada a toda a Igreja, que espelha as reflexões e recomendações sinodais.
Muitas vezes, a humanidade se parece, em nossos dias, com a Samaritana, que encontra Jesus junto ao poço de Jacó (cf Jo 4). Ela vem procurar água para matar a sede; o poço está no meio dum terreno pedregoso e desértico; a mulher pensa na água, mas Jesus entende a sede mais profunda da Samaritana, que vive na aridez do pecado, e lhe oferece “água viva”... ela não entende, mas Jesus já vai saciando sua sede, enquanto lhe anuncia o Reino de Deus, presente em sua pessoa. A mulher bebe, tem fé e corre para anunciar a toda a cidade que encontrou a verdadeira fonte de água viva, que todos procuravam. Ela dá testemunho sobre Jesus, o povo acorre ao seu anúncio e vai ao encontro de Jesus; e já não precisam mais que a mulher lhes fale, pois o próprio Jesus se dá a conhecer àquele povo.
Quem quiser entender o que é a nova evangelização a partir de técnicas de marketing religioso ou novas doutrinas procura bem longe do alvo. Na reflexão sinodal, o que mais apareceu é que a nova evangelização começa por levar a sério a sede de Deus que existe em todo ser humano; o terreno parece desértico e os cântaros estão vazios, por causa da negação de Deus, ou porque se tentou matar a sede de Deus com falsos deuses, idolatrias e substitutivos de Deus. Nada pode preencher o vazio de Deus no coração humano. É necessário também levar a sério os cântaros vazios: estão à espera de serem enchidos!
Quem os pode encher? É preciso ir ao encontro de Jesus, deixar-se atrair e envolver por Ele; “conversão”, este foi um conceito muito ouvido no Sínodo: conversão a Deus, a Cristo, conversão pastoral, missionária... Em Aparecida já ouvimos falar disso. Para que procurar por aí, em cisternas furadas? Por que continuar a buscar em poças lamacentas, poluídas? Conversão para voltar ao poço. O poço é Jesus Cristo. Ele tem a água viva em abundância! Quem vai chamar o povo para junto do poço? Só quem já esteve lá e matou sua sede pode fazê-lo. Todos nós, se temos fé e amamos a Jesus Cristo, somos chamados a ser como a Samaritana. Correr à cidade, chamar outra vez o povo, anunciar, testemunhar...
O Sínodo conclamou a todos para a nova evangelização e a transmissão da fé cristã: Bispos, Padres, Religiosos e demais Consagrados, Leigos, todo o Povo de Deus, na variedade de seus dons, carismas e organizações. Pais cristãos têm uma graça especial para transmitir a fé; não deixem de levar os filhos à fonte. Jovens sedentos, não fiquem no deserto, nem matem a sede com águas estagnadas; estudiosos, pessoas comuns ou especialmente encarregadas na Igreja pela promoção de um novo ânimo missionário nas comunidades católicas e na sociedade em geral. Todos estão convidados a encher seus cântaros; e assim, saciados e alegres, podemos fazer novamente florir o deserto.
Fonte: CNBB

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