Recorde.
BRASÍLIA
THIAGO VILARINS
Da Sucursal
Em
uma década, a proporção de lares comandados por mulheres no Pará passou
de 32% para 35,4%. Apesar do avanço, é um dos mais tímidos crescimentos
registrados no país no período, segundo dados da atual Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) - dados referentes a 2011. A
pesquisa aponta que a Região Metropolitana de Belém (RMB) teve um
crescimento de 18,5% de mulheres responsáveis pelo orçamento familiar ao
longo da última década. O avanço não é um dos maiores entre as nove
regiões pesquisadas, mas reforçar que a Grande Belém tornou-se o
principal centro de mulheres no comando de suas casas em todo o País. Na
RMB são 48% de residências onde é a mulher que dá as ordens, caso da
doméstica Socorro Ribeiro Nunes, de 50 anos, moradora da Marambaia. Ela
sustenta um filho de 21 anos, estudante, e gasta 90% do que recebe com
despesas do lar (veja matéria nesta página). No total, são 310 mil lares
belenenses liderados por mulheres, contra 338 mil por homens.
Após a
Grande Belém, a pesquisa aponta a região metropolitana de aparece Porto
Alegre (46,5%), seguida pelas de Salvador (45,4%) e Fortaleza (42,1%).
Entre
2001 e 2011, a proporção de domicílios paraenses onde a mulher passou a
ser a chefe, a pessoa de referência, quem distribui a mesada dos
filhos, paga as principais despesas, toma conta da casa, aumentou
percentualmente apenas 10,7% - somente o Acre, com 7%, teve uma expansão
menor. Como comparativo, o ritmo do crescimento paraense chega a ser
quase quatro vezes inferior ao que foi registrado em todo o Brasil, que
cresceu nos últimos dez anos de 27,3% para 37,5% (aumento percentual de
37%).
Amapá
e Santa Catarina foram os estados que tiveram os maiores saltos:
aumentaram os seus percentuais em 90% e 78,8%, respectivamente. Já na
análise das maiores proporções por Estado, o Pará aparece com a oitava
menor marca, sendo o Maranhão responsável pela menor parcela de
residências comandadas por mulheres (30,4%) e o Distrito Federal (DF)
pela maior (48,1%). No geral, são 805 mil residências espalhadas pelo
território paraense cujo reinado é feminino, contra 1,5 milhão onde a
participação principal é masculina.
Constam
entre as explicações para essa baixa expansão o fato de no Pará as
mulheres ainda terem baixa renda e pouca escolaridade, a questão
previdenciária, além do reduzido número de divórcios na comparação com
os demais estados. "Antes de se discutir a questão regional, é preciso
ter clareza dos critérios de formulação desses indicadores que apontaram
que aumentou muito o número de mulheres chefes de família no país. E
isso se deve basicamente a esses fatores. Ao longo desses dez anos,
tivemos a entrada massiva de mulheres no mercado de trabalho. Depois tem
a questão dos tipos de relações afetivas entre homens e mulheres, como
casamentos, uniões estáveis e as mulheres que vivem sozinhas, que também
aumentou muito nessa década. Ou seja, independente de ter um
companheiro ou não, se ela se manteve trabalhando fora. E ainda tem o
critério da Previdência Social. Hoje, as mulheres vivem mais e tem mais
acesso a previdência. Temos que analisar agora, mais regionalmente,
esses pontos combinados, para entender se essas são as razões para em
algumas regiões terem ou não esse aumento", explica Gláucia Fraccaro,
coordenadora de autonomia econômica das mulheres, da Secretaria de
Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República.
Segundo
os números da PNAD 2011, a média da renda mensal feminina no Pará
chegou a R$ 430,00, um pouco mais da metade do salário médio dos homens
(R$ 754,00). O valor chega a ser R$ 220,00 abaixo do rendimento feminino
nacional (R$ R$ 650,00). Em uma comparação com o Distrito Federal, que
aponta a maior proporção de mulheres responsáveis pelos domicílios, o
orçamento feminino mensal chega a ser três menor (R$ 1.425,00). Ainda
com base na explicação da coordenadora da SPM, segundo os dados do Censo
Demográfico 2010, o Pará aparece como o Estado com a menor cobertura
previdenciária do país, atingindo apenas 40% de toda a sua população e a
proporção de mulheres divorciadas, na época da pesquisa, era de apenas
1,48% (89 mil) - segunda marca mais baixa do País, atrás, somente, do
Maranhão (1,21%).
FONTE: O LIBERAL.
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