domingo, 4 de novembro de 2012
Mensagem de Dom Carlos para o dia de finados
Somos
nós que castigamos e condenamos a nós mesmos.
No dia final somente, nós teremos clareza de como vivemos a vida, de
como nos
comportamos enquanto estávamos no mundo. Lá somente é declarado aquilo
que fizemos na vida: se nós tivemos um coração atento, acolhedor,
solidário,
pronto para sentir compaixão com aqueles que sofrem que passam
necessidade. Se tivermos aqui essas atitudes, lá seremos acolhidos,
seremos abençoados,
benditos. Se aqui levarmos a vida pensando em nós mesmos, rejeitando o
irmão, recusando de ajudar o outro, de ter misericórdia e compaixão do
outro,
lá receberemos, da mesma forma, rejeição. Como nos comportamos aqui,
seremos
acolhidos lá no tempo final. Por isso, não é Jesus que castiga, não é
Ele que
condena. Somos nós, que a cada dia que passa, decidimos o nosso destino
final, da
nossa feliz ressurreição ou da nossa eterna condenação.
Deus está sempre nos dando mais uma chance, oportunidades, está nos
dando mais um tempo. Todo dia, ao levantar, nós deveríamos agradece a Deus por
que nos deu mais um dia! Um dia que poderia ser decisivo para mudar a nossa
vida, para abrir o nosso coração, para viver os mandamentos do Senhor, para nós
nos comportarmos como Ele se comportou. Ele se fez pequeno, pobre, o último,
estrangeiro, doente, preso... É a Ele que nós acolhemos, quando acolhemos alguém
que está sofrendo, que está passando necessidade, alguém que é excluído. Se nós
soubermos nesta vida, neste peregrinar, perceber Jesus que passa no meio de nós,
reconhecê-lo no rosto das pessoas que sofrem e ao reconhecê-lo soubermos
acolhê-lo, nós já estamos com o céu de portas abertas para nos acolher. Mas se
nós aqui não soubermos encontrar Jesus, não soubermos reconhecê-lo, nós
chegaremos no dia final sem ter a capacidade de perceber a desgraça que se prepara
diante de nós.
Hoje, lembramos e rezamos pelos nossos
irmãos que já se passara desta para outra vida. A morte é uma passagem! A morte
não é o fim de tudo... Nós cremos que há outra vida, uma vida plena, uma vida
feliz depois desta vida. Não conseguimos imaginar como todo o nosso desejo de
felicidade, de eternidade, de amor possa se apagar no dia de nossa morte. Nós
cremos que o amor é mais forte do que a morte. Criados à imagem de Deus, nós
ansiamos poder um dia vê-lo e encontrá-lo e assim, nEle encontrar todos os
irmãos, aqueles que conhecemos durante a nossa existência, mas também todos os
outros irmãos que fazem parte da humanidade, desde Adão até o último homem.
O nosso desejo é uma vida sem fim, porque nós,
criados a imagem de Deus, temos dentro de nós esse anseio de eternidade. E
Jesus, ele nos garantiu que há uma outra vida, uma vida plena, uma vida feliz,
ele prometeu um lugar para todos nós. Ele foi ao Pai para preparar um lugar
para nós. O nosso destino não é aqui, no tumulo, no cemitério, o nosso destino,
a nossa casa é o céu. Esta festa que Deus prepara para nós, este banquete de
ricos manjares, Deus enxugará todas as
lagrimas! Deus Vencerá a morte, Ele já venceu a morte no seu Filho, Jesus, e em
Cristo, Ele também vence todas as nossas mortes. Por isso que nós olhamos para
frente com esperança e diante de nós não está o vazio, o nada, diante de nós
está um Pai que nos acolhe, diante de nós esta Jesus, que nos ama
infinitamente, que deu a vida por nós e que intercede junto do Pai por nós. Por isso, mesmo se o momento da separação e da
morte é sempre um momento sofrido, difícil... Foi difícil para o próprio Jesus
e é o momento mais difícil da nossa vida. Quantos momento difíceis que já
passamos, mas o momento mais difícil, mas também o momento mais importante,
mais decisivo, será o momento da nossa partida. Quem tem fé vai ao encontro da
morte com esperança, acredita que naquele instante está se abrindo pra ele,
vislumbrando para ele, o que ele sempre desejou: o encontro com Deus, o
encontro com todos os irmãos.
Entre nós e os irmãos que já se passaram há uma
comunhão profunda, que nós chamamos a Comunhão dos Santos, uma comunhão que não
é feita de algo sensível, que se possa tocar, mas é uma comunhão espiritual,
que se dá em Cristo Jesus. São Paulo diz que nós somos o Corpo de Cristo, que
Cristo é a cabeça do Corpo. Nós somos os membros deste corpo. Alguns dos nossos
irmãos já estão unidos a Cristo de forma plena, são os Santos, aqueles que
levaram uma vida de acordo com o Evangelho. Nós estamos também em comunhão com
Cristo, mas a nossa comunhão será plena no dia do encontro definitivo. Mas
entre ele e nós, entre eles que já encontraram o Senhor e nós que ansiamos
encontrá-lo, há esta comunhão bonita. Eles rezam por nós e nós rezamos por eles.
E assim sentimos uma força extraordinária, que nos acompanha, que nos protege.
Quantos irmãos ainda estão ansiando o encontro com o Senhor Jesus, estão
passando por aquela purificação necessária, que a Igreja chama de Purgatório, o
tempo de espera, de purificação, por isso que é importante nós rezarmos por
estes irmãos. Afinal todos nós fazemos a experiência do pecado e há algo em nós
que deve ser purificado, e só se dá através da oração, implorando de Deus o perdão
pelos pecados destes irmãos, para que quanto antes possam se unir plenamente a
Ele. Um dia todos estaremos unidos ao Senhor, todos aqueles que são chamados de
Filhos de Deus, herdarão o que é próprio dos filhos: a vida eterna. A vida
eterna que Jesus, o Unigênito, Filho de Deus prometeu para nós.
Temos um grande desafio, nesta sociedade que às
vezes parece cultuar a morte, numa sociedade onde a morte está diariamente de
forma macabra, onde todo dia, abrindo os jornais, vendo as consequências de
tanta violência, de tanto desrespeito a vida, onde assistimos a tanta violência
provocada pelas guerras, pelos ódios raciais, nós percebemos que nós,
discípulos de Jesus, nós cristãos, devemos ser os defensores da vida, aqueles
que anunciam a importância da vida, desde a sua concepção até o último dia.
Ninguém é dono da vida do homem, nem a mãe é dona da nova criatura que está
sendo concebida no seu ventre. Ninguém também é dono da vida do outro, mesmo se
ele estiver doente e não tiver capacidade de entender. Infelizmente parece que
há pessoas que pensam que podem fazer o que quiser da vida dos outros. Quando
os outros começam a ficar doentes, quando os outros são um problema, tem que
eliminá-los, em lugar de acolher quem é indefeso, em lugar de proteger e de
cuidar daquele idoso, doente, em fase terminal.
O homem que rejeita a vida está se excluindo da vida! Nós anunciamos o
Evangelho da Vida, a boa notícia que é a vida, mesmo se fragilizada, ela é
sempre uma presença de Deus, por isso defender, amar a vida é o nosso trabalho,
o nosso testemunho. E é necessário consolar aqueles que sofrem, aqueles que
andam desesperançados, aqueles que perderam o gosto de viver... Quantas pessoas
vivem angustias, sofrimentos, precisam encontrar irmãos e irmãs que, cheios de
esperança, cheios do amor de Deus , animem estes irmãos a continuar a caminhada até o fim, até o
encontro com o Senhor. É claro que quem vive sem fé, não encontra o sentido da
vida. Quem vive sem fé, fica na escuridão, acha que tudo termina com a morte.
Quem vive sem fé, acaba entrando num túnel sem saída. Daí, pedir o dom da fé,
para nós, para todos, ajudar os irmãos que estão na escuridão a encontrar luz,
que é Cristo, e a encontrarem em Cristo o sentido pleno da vida, desta vida e
da vida sem fim, da vida eterna.
Agora aqui, nós nos unimos a todos
os irmãos que estão no céu, oferecemos com Jesus a nossa vida ao Pai, nos
comprometemos a defender a vida, a ser testemunha da vida plena, a ajudar aos
irmãos que estão pobres na fé a renovar a sua fé. E aqui, nós juntos com Igreja
renovamos a fé dos apóstolos, a fé em Jesus que morreu e ressuscitou por nós, a
fé na nossa futura ressurreição, a fé na comunhão dos Santos, a fé na vida
eterna. Vamos, pois, com entusiasmo, renovar a nossa fé que nos sustenta na nossa
caminhada.
Dom Carlos Verzeletti
Missa de finados, Cemitério São José
Castanhal - 19 horas, 02 de novembro de 2012
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