sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"BEM-AVENTURADOS OS MANSOS PORQUE HERDARÃO A TERRA"

"Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra."

BEM AVENTURADOS - O Homem não natural. À semelhança das Bem-aventuranças anteriores, esta é inteiramente oposta ao pensamento do que a Bíblia chama de Homem natural. O mundo julga em termos de poder, auto-confiança, agressividade e conquista. Mas Jesus exaltou traços impopulares de caráter, tais como humildade de espírito, pesar e agora mansidão.

Jesus é realmente o revolucionário dos revolucionários. Ele realmente inverte o sistema e valores da cultura dominante.
A radicalidade dos ensinos de Cristo implica um estilo de vida totalmente diferente para seus seguidores. Não é por acaso que Jesus se refere ao fato de alguém tornar-se cristão como sendo um novo nascimento João 3: 3 e 5. Como Paulo coloca: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. II Coríntios 5: 17.
        
O cristão renascido pertence a um reino inteiramente diferente da cultura em geral, e até mesmo, infelizmente, da cultura de muitas igrejas. Como resultado, ele tem um novo conjunto de valores.
        
O ensino de Cristo na terceira Bem aventurança mais uma vez se coloca contra a sabedoria aceitável de nosso mundo. De acordo com Ele, não são os desordeiros, violentos, agressivos, ou egoístas que herdarão a Terra. E sim os mansos. São os que percebem a sua debilidade e por isso possuem humildade de espírito, os que choraram por suas deficiências, e se comprometeram com o estilo de vida dos mansos, que posteriormente acabarão herdando a Terra. Esse ensinamento não pode ser obtido de lições de história ou da leitura do jornal diário.
        
As palavras da terceira bem-aventurança não devem ser lidas superficialmente. São palavras profundas, repletas de sabedoria. São palavras impossíveis de serem vividas por nós através de nossas próprias forças. À medida que avançarmos nas Bem-aventuranças teremos uma maior compreensão de nossa necessidade do poder transformador do espírito Santo em nossa vida.
        
Hoje precisamos orar para que Deus não apenas nos conceda discernimento para percebermos o caminho de Jesus, mas que Ele nos dê poder para caminharmos nele[1].

MANSOS - Ou os humildes, termo tomado do Saltério na forma grega. O verso 4 poderia ser simplesmente uma glosa do verso 3; a sua omissão reduziria o número das bem-aventuranças a sete[2].


As dificuldades que temos que enfrentar podem ser muito minoradas pôr aquela mansidão que se esconde em Cristo. Se possuirmos a humildade de nosso Mestre, sobrepor-nos-emos aos menosprezos, às repulsas, aos aborrecimentos a que estamos diariamente expostos, e estes deixarão de nos lançar sombra sobre o espírito.

A mais elevada prova de nobreza num cristão é o domínio de si mesmo. Aquele que, em face de maus tratos ou crueldade, deixa de manter o calmo e confiante, rouba a Deus de seu direito de nele revelar Sua própria perfeição de caráter. Humildade de coração é a força que dá vitória aos seguidores de Cristo; é o penhor de sua ligação com as cortes do alto[3].

Grego: praús manso, suave, gentil. Cristo disse que ele era manso: praús e humilde de coração 11: 29, e por isso todos os que estão cansados e oprimidos verso 28 podem ir a ele e achar descanso para sua alma. O equivalente hebraico do grego: praús é anaw ou ani, pobre, afligido, humilde, manso. Emprega-se esta palavra hebraica para descrever a Moisés que era muito manso Números 12: 3. Também aparece na passagem messiânica de Isaias 61: 1 a 3; Salmo 37: 11, onde também se traduz como manso

A mansidão é uma atitude do coração, da mente e da vida, que prepara o caminho para a santificação. À vista de Deus, o espírito afável: praús é de grande de estima. I Pedro 3: 4. A mansidão aparece repetidas vezes no NT como uma virtude importantíssima do cristão Gálatas 5: 23; I Timóteo 6: 11. A mansidão em relação com Deus significa que teremos de aceitar sua vontade e a forma em que nos trata, que nos submeteremos a ele em todas as coisas sem vacilação. Uma pessoa mansa domina perfeitamente sua eu. Devido ao enaltecimento do eu, nossos primeiros pais perderam o reino que lhes tinha sido confiado. Por meio da mansidão este pode ser recuperado[4].

A palavra manso pode trazer a idéia de servidão, fraqueza de caráter, consentimento, incapacidade ou falta de coragem para enfrentar uma situação delicada. Pode apresentar um retrato de uma criatura submissa e ineficaz. Porém a palavra manso, no grego: Praus era uma das grandes palavras da ética.

Aristóteles tinha muito a dizer da qualidade da mansidão, grego praotês. Aristóteles seguia um método para definir qualquer virtude que consistia em encontrar um termo entre o médio e os extremos. Por uma parte o extremo estava no excesso, e por outra no escasso, entre ambos estava à virtude, o termo médio feliz. Por exemplo: Em um extremo se encontrava o pródigo, no meio o avarento, e entre ambos o generoso.

Aristóteles define a mansidão praotês, como o termo de equilíbrio, ele via na virtude mansidão o equilíbrio entre o excesso e a falta de ira. Assim poderia ser traduzida a Bem-aventurança: Bendito o que se indigna a seu devido tempo por uma boa causa e não o contrário.

Se nos perguntarmos qual é o devido tempo e qual o contrário diríamos que, por regra geral que na vida não se deve irritar por um insulto ou uma injúria que se é dirigida pessoalmente; isto é algo que o cristão não deve nunca ter em conta, mas deve-se indignar pelas injúrias que fazem outras pessoas. A ira egoísta sempre é um pecado, a ira limpa do egoísmo pode ser uma grande dinâmica do mundo.

         A palavra grega praús tem um segundo sentido. Ela é usada  para referir-se a um animal que tenha sido domesticado, e que era acostumado a obedecer à palavra de mando, que aprendeu a obedecer. É a palavra usada para referir-se ao animal que aprendeu aceitar o controle. Assim que a possível tradução desta bem-aventurança poderia ser: Bendita a pessoa que tem sob seu controle todos seus instintos e paixões! Bendito o que se mantém total e constantemente debaixo de seu controle.

Não se trata da bênção da pessoa que se controla a si mesmo, porque isto está fora da capacidade humana, mas da pessoa que está em íntima sintonia e totalmente sob controle de Deus, porque só em seu serviço encontramos perfeita liberdade, e em fazer Sua vontade encontramos paz.

Há um terceiro enfoque nesta bem-aventurança. Os gregos contrastavam sempre a qualidade que chamavam praotês, e que a versão RV traduz por mansidão com qualidade que chamavam hysêlokardia que quer dizer altivez de coração. Em praotês se encontra a verdadeira humildade que lança fora todo o orgulho.
Sem humildade não se pode aprender, porque o primeiro passo do aprendizado é ser consciente de nossa própria ignorância.

Quintiliano, o grande Mestre de oratória hispanoromano, dizia a seus alunos: “Não me cabe dúvida de que seriam excelentes alunos se não estivessem convencidos que sabem tudo”. Não se pode ensinar nada a uma pessoa que crê que sabe tudo. Sem humildade não pode haver tal coisa como o amor, porque o verdadeiro princípio do amor é o sentimento de indignidade. Sem humildade não pode haver verdadeira religião, porque toda verdadeira religião inicia-se por dar-se conta de nossa debilidade própria e de nossa necessidade de Deus. Uma pessoa só alcança sua verdadeira humanidade quando está consciente de que é uma criatura e Deus é o Criador, e sem Deus não se pode fazer nada.
Praotês descreve a humildade, a aceitação da necessidade de aprender e a necessidade de ser perdoado. Descreve a única atitude adequada do homem para com Deus. Assim a possível tradução desta bem-aventurança seria: “Bendito o que tem a humildade de reconhecer sua própria ignorância, debilidade e necessidade”[5].

Os mansos são aqueles que se humilham diante de Deus por reconhecerem sua total dependência Dele. Como conseqüência são gentis no trato para com o próximo. Moisés revelava este traço de caráter em notável medida; e a posse do mesmo por Jesus foi uma das bases para Ele convidar homens e mulheres cansados e oprimidos e achar alívio e descanso Nele, que era exatamente manso e humilde, Mateus 11: 28 e 29. Quando Deus tiver destruído todos os que em sua arrogância resistem à sua vontade, os mansos serão os únicos a herdar a Terra[6].

Os mansos. Serenidade, às vezes negativa e às vezes positivamente boa. Essa Bem-aventurança se alicerça em Salmo 37: 11. Os homens que padecem sob o mal, sem se deixarem contaminar pelo espírito de amargura mas com paciência, possuem qualidades aprovadas por Deus. Tais como Natanael são israelitas em que não há dolo. João 1: 47. Na história da Inglaterra houve pessoas que, ao serem perseguidas pelo governo e pela sociedade e até pela igreja oficial, herdaram o continente americano[7].

Mansidão não é fraqueza. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sabe, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. I Coríntios 13: 4 a 7.

Apalavra grega traduzida como manso significa gentil, pon­derado e cortês, e implica o exercício do domínio próprio que torna essas qualidades possíveis. Por isso, a New English Bible está perfeita­mente em harmonia com os pensamentos de Jesus, quando traduz Ma­teus 5: 5 como: Bem-aventurados os de espírito gentil. O significado de mansidão engloba muitos dos traços característicos da magistral de­finição do amor, que Paulo dá na leitura do texto bíblico.

A mansidão bíblica não deve ser confundida com indolência. Alguns que aparentam ser mansos podem ser simplesmente negligentes. Nem deve ser confundida com fraqueza de personalidade ou caráter. Os personagens que a Bíblia cha­ma de mansos tiveram grande firmeza de caráter. A pessoa mansa pode permanecer tão firme ao lado da verdade, que estaria disposta a morrer por ela se fosse necessário. Os mártires foram mansos, mas não fracos. A mansidão bíblica e compatível com grande força e autoridade.

A mansidão interior nos leva a uma visão do próprio eu. Quando finalmente reconhecer que sou um pecador sem esperança e sentir tristeza por isso, estarei pronto para a mansidão. Estarei preparado pa­ra colocar todo o orgulho de lado. Porque tem urna visão realística de si mesmos, os mansos não são escravizados por atitudes defensivas ou de retaliação. Uma das maiores necessidades de nosso mundo, igreja e famílias de mansidão[8].

O Tratamento de Choque Continua. Não por força nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. Zacarias 4: 6.

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra. Mateus 5: 5. Essa declaração causou um grande choque para os judeus nos dias de Jesus. Eles estavam aguardando um Mes­sias que os libertaria do poder de Roma através da força armada.

O Messias, criam, seria como Davi, o rei guerreiro. Nos Salmos de Salomão livro pseudoepígrafo escrito durante o pe­ríodo entre o AT e o NT não anunciavam que o ungido Filho de Davi seria um rei que se levantaria dentre o povo pa­ra libertar Israel de seus inimigos? Ele aniquilaria todos os seus bens com vara de ferro, para destruir as nações ímpias com a palavra de Sua boca. Salmos de Salomão 17: 26 e 27.

A última coisa que os judeus do primeiro século desejavam era um Messias manso. Eles queriam um líder que pudesse e desse a Roma o que ela merecia. Jesus era o oposto do modelo que eles desejavam e aguardavam.

Bem, é fácil para nós cristãos percebermos que os judeus estavam errados. Mas não somos culpados de apresentar o mesmo tipo de pen­samento às vezes? Também não temos a tendência de prestar honras aos bem-sucedidos e glorificar as realizações dos grandes pregadores e lideres da igreja, como se a batalha fosse ganha pelas palavras e es­forços humanos? E não somos também tentados, como Davi, a confiar em organização e números em busca de força? Boas como essas coisas possam parecer, elas não são a fonte do sucesso do cristão.

Deus tem inúmeras maneiras de levar a cabo a comissão do evan­gelho e introduzir a plenitude do reino, das quais nada sabemos. De vez em quando precisamos reler a história de Gideão. No caso dele, Deus continuou reduzindo os números em vez de acrescentar, antes de con­ceder a vitória.

No reino de Cristo, é a mansidão que está na base do sucesso, e não o poder humano. Precisamos nos lembrar de que a vitória, tanto em nossa vida pessoal como na igreja em geral, não vem por força, nem por poder, mas pelo Espírito de Deus[9].



Mansos Apesar de Tudo

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