Jatene quer compensação por energia
Quarta-Feira, 14/11/2012
(Foto: Agência Pará)
O
governador Simão Jatene fez coro ontem, 13, em Brasília, com os
governadores do PSDB de Minas Gerais, Antônio Anastasia e do Paraná,
Beto Richa, contra a ideia de reduzir tarifas penalizando os estados.
Para ele, a proposta de reduzir preços e tarifas é sempre bem aceita por
todos, porém é necessário definir “quem vai pagar a conta”. Jatene
disse que não concorda com a forma como a proposta foi apresentada, sem
que antes os estados fossem ouvidos. “Não dá para discutir redução de
receita sem ouvir os estados. Cortar a receita é pisar numa federação já
esvaziada”, completou. “Todos querem redução de preços, claro. O
problema é definir quem paga por essa redução, porque alguém terá de
pagar”, disse o governador em reunião da comissão que analisa a medida provisória nº 579, que trata das mudanças nas regras das concessões no setor elétrico no país.
A MP 579 estabelece mudanças nos
prazos e na remuneração de contratos de concessões já firmados. Para
renovar as concessões por até 30 anos, as empresas cujos contratos
venceriam entre 2015 e 2017 terão que aceitar uma redução ainda não
conhecida oficialmente do preço cobrado por seus serviços.
A princípio, a compensação às empresas de energia pela redução nas
tarifas sairia das alíquotas destinadas aos estados onde as empresas
operam. Desde março deste ano a Comissão de Minas e Energia tem debatido
a renovação das concessões e a redução das tarifas resultantes desse processo.
Ao todo 123 empresas geradoras de energia
seriam atingidas pela MP. Juntas, elas somam uma capacidade instalada de
20.000 megawatts (MW), equivalente a 20% do parque gerador brasileiro;
44 distribuidoras que dominam 35% do mercado consumidor; e 9
transmissoras, proprietárias de 85 mil quilômetros de linhas, ou 67% da
rede do Sistema Interligado Nacional. Termos aditivos vão prorrogar por
30 anos os contratos de geração e transmissão com vencimento até 2017. A
data limite para formalizar a renovação é o dia 4 de dezembro.
Para o governador, com as propostas “a
competitividade pode até melhorar, mas, a sociedade, que precisa de bons
serviços de saúde, segurança e educação, entre outros, perde”.
Criticando duramente o governo federal, Jatene disse que “na matemática
do governo, reduz-se a conta, a renda melhora, o consumo aumenta e a
produção também. Aí, geram-se mais tributos e surge a compensação aos
estados. Com a Lei Kandir, falou-se exatamente isso e o resultado, como
sabemos, são perdas consideráveis para o Pará e outros estados até
hoje”.
Para o senador Flexa Ribeiro, que
também participou do encontro “o governo federal toma essas decisões
isoladamente e empurra goela abaixo do Congresso Nacional. E os
parlamentares não votam para o que é melhor para a sociedade e sim para
favorecer o Executivo e o partido. Não há independência entre os
poderes, lamentavelmente”. Flexa lamentou que a MP seja colocada dessa
forma, sem que antes seja levada à discussão com os agentes públicos que
serão impactados com ela. O senador alagoano Renan Calheiros (PMDB),
relator da medida, espera aprovar o projeto no plenário da Câmara no
final de novembro, e submetê-lo à votação no Senado na primeira semana de dezembro.
O governador participou também de reunião da
Bancada do Pará, onde apresentou propostas de emenda aos parlamentares.
Para a saúde Jatene apresentou emendas de R$ 290 milhões para
aperfeiçoamento do Sistema Único de Sáude (SUS), sendo uma para a
estruturação de unidades de atenção especializada e para o apoio à
manutenção de unidades de saúde. A segurança pública também foi
contemplada, com R$ 30 milhões, além da educação básica, com outros R$
40 milhões. As seis emendas ainda abordam o apoio ao programa Terra
Legal (R$ 60 milhões) e o desenvolvimento regional (R$ 60 milhões).
“Temos uma preocupação muito grande em garantir que as emendas aprovadas
pela bancada sejam empenhadas e pagas pelo Governo Federal, pois assim o
trabalho dos parlamentares é valorizado”, disse o governador. As
propostas são analisadas pela Bancada para depois serem incluídas no
Orçamento Geral da União.
(Diário do Pará)
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