A existência de Deus
Artigos
31/10/2012
Palavra em ação
Das criaturas materiais até Deus
A inteligência humana pode
conhecer a existência de Deus aproximando-se d’Ele por um caminho que
tem como ponto de partida o mundo criado e que possui dois itinerários,
as criaturas materiais e a pessoa humana. Embora este caminho tenha sido
desenvolvido especialmente por autores cristãos, os itinerários que,
partindo da natureza e das atividades do espírito humano levam até Deus,
têm sido expostos e percorridos por muitos filósofos e pensadores de
diversas épocas e culturas.
As vias em direção à
existência de Deus também se chamam “provas”, não no sentido que as
ciências matemáticas e naturais dão a esse termo, mas como argumentos
filosóficos convergentes e convincentes, que o indivíduo compreende com
maior ou menor profundidade dependendo de sua formação específica (cf.
Catecismo, 31). Que as provas da existência de Deus não podem ser
entendidas no mesmo sentido das provas utilizadas pelas ciências
experimentais se deduz com clareza do fato de que Deus não é objeto de
nosso conhecimento empírico.
Cada via em direção à
existência de Deus alcança somente um aspecto concreto ou dimensão da
realidade absoluta de Deus, o do específico contexto filosófico no qual a
via se desenvolve: “partindo do movimento e da evolução, da
contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode chegar-se a conhecer a
Deus como origem e fim do universo” (Catecismo, 32). A riqueza e a
imensidão de Deus são tais que nenhuma dessas vias, por si mesma, pode
chegar a uma imagem completa e pessoal de Deus, mas apenas a alguma
faceta dela: existência, inteligência, providência etc.
Entre as chamadas vias
cosmológicas, umas das mais conhecidas são as célebres “cinco vias”
elaboradas por São Tomás de Aquino, que contêm em boa medida as
reflexões de filósofos anteriores a ele; para sua compreensão, é
necessário ter algumas noções de metafísica. As primeiras duas vias
propõem a ideia de que as cadeias causais (passagem da potência ao ato,
passagem da causa eficiente ao efeito) que observamos na natureza não
podem retroceder ao infinito, mas devem apoiar-se em um primeiro motor e
sobre uma primeira causa; a terceira via, partindo da observação da
contingência e limitação dos entes naturais, deduz que sua causa deve
ser um Ente incondicionado e necessário; a quarta, considerando os graus
de perfeição participada que se encontram nas coisas, deduz a
existência de uma fonte para todas estas perfeições; a quinta via,
observando a ordem e o finalismo presentes no mundo, consequência da
especificidade e estabilidade de suas leis, deduz a existência de uma
inteligência ordenadora que seja também causa final de tudo.
Estes e outros itinerários análogos foram propostos por diversos autores com diversas linguagens e formas distintas, até os nossos dias. Portanto, mantêm sua atualidade, ainda que para compreendê-los seja necessário um conhecimento das coisas baseado no realismo (em contraposição a formas de pensamento ideológico), e que não reduzam o conhecimento da realidade somente ao plano empírico experimental (evitando o reducionismo ontológico), de modo que o pensamento humano possa, em suma, subir, dos efeitos visíveis às causas invisíveis (afirmação do pensamento metafísico).
Estes e outros itinerários análogos foram propostos por diversos autores com diversas linguagens e formas distintas, até os nossos dias. Portanto, mantêm sua atualidade, ainda que para compreendê-los seja necessário um conhecimento das coisas baseado no realismo (em contraposição a formas de pensamento ideológico), e que não reduzam o conhecimento da realidade somente ao plano empírico experimental (evitando o reducionismo ontológico), de modo que o pensamento humano possa, em suma, subir, dos efeitos visíveis às causas invisíveis (afirmação do pensamento metafísico).
O conhecimento de Deus é
também acessível ao sentido comum, isto é, ao pensamento filosófico
espontâneo, comum a todo ser humano, como resultado da experiência
existencial de cada um: a admiração ante a beleza e a ordem da natureza,
a gratidão pelo dom gratuito da vida, o fundamento e a razão do bem e
do amor. Este tipo de conhecimento também é importante para captar a que
sujeito se referem as provas filosóficas da existência de Deus: São
Tomás, por exemplo, termina suas cinco vias unindo-as com a afirmação:
“e isto é o que todos chamam Deus”.
O testemunho da Sagrada
Escritura (cf. Sb 13, 1-9; Rm 1, 18-20; At 17, 22-27) e os ensinamentos
do Magistério da Igreja confirmam que o intelecto humano pode chegar ao
conhecimento da existência de Deus criador, partindo das criaturas (cf.
Catecismo, 36-38). Ao mesmo tempo, quer seja a Escritura, quer seja o
Magistério, advertem que o pecado e as más disposições morais podem
tornar mais difícil este reconhecimento.
Por:Giuseppe Tanzella-Nitti
http://www.opusdei.org.br
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