
SUICÍDIO: POR QUÊ?
* Diácono José Antonio Jorge – Arquidiocese de Campinas/SP.
A freqüência com que nos deparamos com a prática do suicídio - um ato
insano de se tirar a própria vida – deve levar os pais, educadores, teólogos e
ministros religiosos a uma profunda reflexão.
Quais as causas que levam uma pessoa a se desfazer, de uma forma violenta, do bem mais precioso que temos- a vida?
Vivemos num mundo vítimas da depressão, doença que acomete
hoje 10% da população americana . Em países como Japão, Suécia e Noruega,
há mais suicídio do que homicídio.
Por que tanta gente se mata? Não temos estatísticas exatas sobre suicídios,
pois 50% deles são rotulados como acidentes. Nos Estados Unidos, setenta e
cinco por cento das pessoas que tentam o suicídio e não morrem são jovens.
Quais os fatores? Carência afetiva, rejeição, baixa auto-estima, falta de sentido
da vida? Ausência de Deus no cotidiano das pessoas? Idolatria do ter e
menosprezo do ser?
O ser humano, nesta busca louca do “ter” e de “competir”, é vítima da
paranóia e depressão cada vez mais precoces. O excesso de responsabilidade
e a carga horária pesada colocada sobre os jovens tem sido a grande causa da
depressão. A criança não tem tempo de desfrutar poder ser criança.
Entre os distúrbios afetivos um acontecimento perigoso que facilita o
suicídio é o isolamento. No caso da cantora inglesa, que demonstrava instabilidade
emocional é incrível pensar que a mãe esteve com ela dois dias antes,
notou nela algo estranho, desconcertante, doentio e não procurou, aparentemente,
ampará-la com a companhia, a presença, o afeto, o calor humano.
Também o moço que produziu um massacre na Noruega fazia cinco anos que
não tinha contato com o pai. Vejam os frutos da desestruturação da família!
Num momento de angústia e depressão a falta de um ombro amigo e
um coração generoso pode desestabilizar a
pessoa que sofre e levá-la a atos contrários
à própria natureza humana. Nestas circunstâncias
a pessoa busca na morte um sentido
para a vida!
O filósofo Norbert Elias diz que a morte
é um problema dos vivos. Mortos não têm
problemas! Há, porém, um outro tipo de
suicídio que costuma acontecer primeiro
quando uma pessoa perde a fé: trata-se do
suicídio espiritual.
São Francisco de Sales
andou entre os suíços e os habitantes da
Savóia tratando de prevenir que cometessem um suicídio espiritual por causa
dos escândalos que grassavam entre aqueles povos.
Se de duas coisas não podemos escapar – a morte e os impostos – vamos
aprender a valorizar a vida!
Encarar a morte não como uma fatalidade,
ou um fim em si mesma, mas como um destino para uma realidade muito
maior. Mas, antes de chegar este momento, vamos curtir e ajudar os outros
a saborear tudo o que o dom mais precioso nos pode oferecer: a vida.
Parafraseando Francisco Xavier: “a vida deve ser construída nos sonhos, mas
concretizada no amor”!
* Mestre em Teologia e autor do Dicionário Informativo Bíblico, Teológico e
Litúrgico e do livro “Escuta Cristã” da Editoras Vozes.
joseajorge@hotmail.com
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