quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"ILUMINISMO".


“ILUMINISMO”

Há duas semanas tive a oportunidade de estar presente em uma Paróquia de nossa Arquidiocese para participar da Santa Eucaristia ao lado de minha família.
Igreja lotada, domingo às 19h30minh. Uma mescla do “povo de Deus” reunido para santificar o domingo, dia do Senhor e participar da Páscoa dominical.
Confesso que fiquei meio que assustado na hora da homilia.
O iluminismo leva o pregador a acreditar, sem perceber, que Deus somente se revela a ele. Quem está nesta situação não consegue ver a ação de Deus nas outras pessoas e através delas. Ele as ignora.
Pode até ouvi-las, mas, no fundo, segue sempre as próprias idéias. É o dono da verdade explicitada na retórica teológica ou no dessecamento filosófico às vezes bem atropelado.
O que me deixou ainda mais intrigado, foi à linguagem utilizada por ocasião da pregação. Entendo eu que, a melhor linguagem é aquela que os ouvintes entendem. Linguagem boa é a simples, direta, precisa, concisa, clara.
Simples é a linguagem nascida do nível de cultura formal do pregador. Se o pregador possui instrução primária e, para melhorar a pregação, começa a utilizar uma linguagem universitária, perderá a simplicidade. Do mesmo modo, quem seja graduado em ensino universitário, querendo ser simples, começa a se valer de formas verbais de domínio dos não-alfabetizados, perderá também a simplicidade.
Sabemos que, a simplicidade é uma arte não muito fácil de ser conseguida. Ela é a arte de ser a gente mesmo. É a qualidade de não tentar ser o que não somos.
Para se ter uma linguagem simples, cada um deve falar com sua própria capacidade lingüística, com sua própria cultura, com seu grau de instrução formal.
Seria muito bom que, nenhum pregador utilizasse linguagem acima do nível de instrução que domina.
Sem se dar conta, pode cair no ridículo de empregar palavras inadequadas. Ele deve ter o discernimento de não se deixar levar pela tentação de agradar a assembléia que pode ser mais instruída do que ele próprio. Ninguém está obrigado a isso.
Entendo que, o pregador tem que por amor, utilizar uma linguagem acessível a todos, sem, contudo, perder a simplicidade, sem deixar de ser ele mesmo, sem abdicar de sua cultura e de sua formação. É um desafio. Os desafios se vencem.
Porque não utilizar uma linguagem direta, isenta de rodeios onde o povo entenda. Se quem está pregando quer dizer que Deus é amor, então diga. O contrário desta linguagem é aquela do nosso conhecido “Rolando Lero”.
Linguagem precisa e concisa se completam. Atinge o alvo. É dizer muito, sem perder a clareza, com poucas palavras.
É necessário e útil o pregador conhecer o significado das palavras empregadas. Quantos exageros, tais como: figuras de linguagens, metáforas, brusca queda de pensamentos. Pronuncias truncadas, incompletas, tanto de frases como de palavras, cantos inoportunos no meio da pregação, além de algo que considero primário em um pregador que foi devidamente preparado e por um longo tempo, os vícios de linguagem. É horroroso ter que ouvir tanto “né”, “ai”, “tá”, “pois é”, repetidas vezes.
Porque não ter a humildade e deixar o “iluminismo” de lado, exercitando a simplicidade. É mais digno com o próprio pregador e com a assembléia.
Porque não ao perceber que uma idéia não ficou clara, imediatamente, utilizar exemplos para esclarecer ou repetir de forma mais explícita?
É bom lembrar que hoje ninguém tem muito tempo a perder. A sociedade nos treina para aproveitarmos o tempo. O próprio Espírito Santo nos exorta em Efésios 5,15-16 a aproveitarmos ciosamente o nosso tempo.
Uma linguagem precisa, direta e concisa predispõe a assembléia a ouvir com mais boa vontade o pregador e assimilar aquilo que prega.
Não sou professor de português muito menos quero ensinar ninguém a pregar, ou ainda propor aqui uma disciplina rígida para os nossos pregadores.
Porém, como cristão, participante de uma assembléia católica, com ou sem a minha estola, gostaria que nossos pregadores tivessem a humildade de escutar a opinião dos irmãos-ouvintes, daqueles que estão na assembléia.
Com certeza essas opiniões podem conter muitas verdades. Podem ajudar em muito, fazer edificar o pregador, desde que, ele deixe o “iluminismo” de lado e perceba que Deus não se revela somente nele, mas, também nos seus irmãos.

Luiz Gonzaga Lobo Rodrigues
Belém/Pará – Amazônia – Brasil.

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