quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"Ela é a filha predileta do Pai"

“Ela é a filha predileta do pai”

Vivemos mais um Círio de Nazaré. Mais uma oportunidade que nos foi oferecida pelo Pai, para através da Mãe, como intercessora e medianeira, chegarmos ao Filho, Jesus Cristo.

O Documento do Concílio Vaticano II, “Lúmen Gentium”, no número 53 diz: “Filha predileta do Pai e Sacrário do Espírito Santo, com este dom de graça sem igual, ultrapassa de longe todas as outras criaturas celestes e terrestres”.

Aqui está o grande mérito de Maria, “Filha predileta do Pai”. Diz à tradição que, de acordo com os costumes judaicos, aos três anos de idade, Maria teria sido apresentada ao Templo de Jerusalém e também, segundo a tradição, teria permanecido ali até aos 12 anos no serviço do Senhor, quando então teria morrido seu pai, São Joaquim.

Com a morte do pai, Maria teria se transferido para Nazaré, onde São José morava. Três anos depois, realizaram os esponsais.

Pela tradição da Igreja, Maria permaneceu dos três aos doze anos de idade no Templo, servindo ao Senhor. Portanto, nove anos sendo preparada, forjada por Deus para se tornar a “Filha predileta do Pai”.

Foram nove anos no Templo de serviço ao Senhor, que proporcionaram a Maria toda uma preparação para que Ela viesse a ser tornar a bem-aventurada, aquela que “ultrapassa de longe todas as outras criaturas celestes e terrestres”.

Ao ser prepara por Deus para se tornar a “filha predileta do Pai”, aquela que “ultrapassa todas as outras criaturas” Maria agora vai colocar-se a serviço de Deus como “Sacrário do Espírito Santo”, colaboradora no projeto da salvação ao servir Deus com o seu “SIM”.

Maria, ao responder ao anjo: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc.1,38), torna-se colaboradora na “obra da salvação”.

Maria serve assim ao Cristo na encarnação, na vida pública e na cruz.

De forma muito bem clara, diz a Lúmen Gentium nº 57: “Esta união da Mãe com o Filho, na obra da redenção, manifesta-se desde o momento em que Jesus é concebido virginalmente”.

Maria é desta maneira, colaboradora no projeto da salvação ao servir Deus com o seu “SIM”.

Na vida pública de Jesus, sua Mãe, manifesta-se logo no início, quando, nas Bodas de Caná da Galiléia, movido de misericórdia, conseguiu com sua intercessão que Jesus, o Messias, desse início aos seus milagres (João 2,11).

Podemos então pensar: O que poderia ter acontecido naquela festa de casamento sem a intercessão de Maria? Imaginem uma festa de casamento, dentro da tradição judaica, sem o vinho?

É Maria que intercede e continua hoje igualmente, intercedendo para que possam chegar até ao Filho Jesus Cristo nossas súplicas.

O milagre das Bodas de Cana foi o ponto de partida dos milagres de Jesus a favor dos homens. Lembrando: com a intercessão de sua Mãe Maria!

Segue nos dizendo o Doc. Lúmen Gentium: “Sofreu profundamente como seu unigênito...” Segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa, unigênito é: único gerado, filho único.

Observem bem: gerado e não fecundado.

Diz o Credo niceno-constantinopolitano: “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado...”.

Atentem: Eu, você, fomos fecundados através do ato sexual que existiu entre o pai e a mãe de cada um, entre a relação de um homem e uma mulher. A fecundação é o transmitir do germe que proporciona, fomenta o desenvolvimento do feto e isto se dá através da sexualidade entre um homem e uma mulher.

Dentro do contexto teológico, o Cristo não foi fecundado porque não existiu a cópula sexual, ou seja, não houve o contato físico e sexual do anjo com Maria. Assim sendo, a ação milagrosa do Espírito Santo gera forma, dá existência no ventre de Maria, o Filho de Deus.

Segue a Lúmen Gentiun nº 53: “A bem aventurada, Virgem Maria Mãe de Deus que, na anunciação do anjo recebeu o verbo de Deus no coração e no seu corpo”. Fica, portanto, D E S C A R T A D A toda e qualquer possibilidade de outra situação a não ser a apresentada pelo Magistério da Igreja Católica Apostólica Romana. Isto é: “A bem aventura VIRGEM MARIA”.

Quando o documento diz que Maria “sofreu profundamente com o seu unigênito” projeta-nos as dores de Maria. Dores estas que jamais levaram essa mulher humilde, simples, do meio do povo, a reclamar, blasfemar ou maldizer a Deus e a si mesmo.

Vejamos quantas dores essa mulher passou:

1- Sofreu com a polêmica de sua gravidez.

2- Grávida, prestes a dar a luz, não tinha onde ficar.

3- Tem seu filho único em meio a fezes e urina de animais.

4- Ao nascer, o filho é colocado sobre fenos.

5- É perseguido pela polícia de um tirano, Herodes.

6- Foge para um país vizinho com uma criança recém-nascida.

7- Ouve que seu coração será transpassado por uma lança quando o menino é apresentado ao Templo.

8- Vive a angústia pela perda indo encontrá-lo após três dias.

9- Escuta seu filho ser chamado de Belzebu (chefe dos demônios).

10- Assiste ser preso injustamente.

11- Acompanha a troca do mesmo por um bandido (Barrabás).

12- Sente a dor da injusta condenação do filho de Deus.

13- Sofre ao ver Jesus morrer de forma humilhante no madeiro da Cruz.

Sinceramente meus irmãos, quem de nós agüentaria passar por tudo isso? Quem de nós, pai ou mãe, passaria por todas estas dores sem maldizer a Deus ou a si mesmo?

Maria não, Ela não. Maria não desanima não blasfema não maldiz a Deus.

Muito pelo contrário: “Maria medita todas essas coisas em seu coração” (Lucas 2,51). Ela é mulher corajosa, forte, determinada. Uma simples dona de casa, humilde, mas determinada em aceitar e viver o projeto divino em sua vida.

Novamente o Doc. Lúmen Gentium: “Os fiéis esforçam-se por crescer na santidade, levantem os olhos para Maria que é modelo de virtude”.

Virtude de paciência, resignação, humildade e muito amor. Maria é também animadora do povo de Deus. Nos leva ao encontro de seu Filho e de nosso irmão Jesus Cristo.

Que esta grande procissão do Círio de Nazaré possa nos fazer caminhar com a Mãe rumo a caso do Pai. Que Ela como boa medianeira, intercessora que é, possa sempre estar pedindo por todos nós, pobres e limitados mortais.

Pedindo por nós sim, pois sabemos que Maria faz o papel de medianeira e intercessora como disse. Temos todos nós a perfeita consciência de que Jesus é o único mediador entre o Pai e a humanidade (1 Tim 2,5; Atos 4,12; Jô 14,6).

Todos nós católicos sabemos disso. Agora, Jesus, a Graça em pessoa, passa por Maria. Mediante o seu consentimento, o seu sim, Jesus chega ao mundo por meio de Maria.

Foi pela encarnação de Cristo e pela maternidade que Maria se tornou a medianeira, e diria mais: “Mãe portadora de todas as graças que é Jesus Cristo”.

Eu fico a me perguntar: Será que ser a Mãe de Jesus, tendo aceitado o convite do anjo do Senhor é ser intrusa? Será que ser a Mãe medianeira, a Mãe de todas as graças que é Jesus, por obra do Espírito Santo é se atrevida? Querer negar a colaboração de Maria no projeto de salvação é negar a natureza humana de Jesus, recebida de Maria.

É querer reduzir o “SIM” de Maria a nada (Lc.1,38).

Já pensou se Deus tivesse retardado a vinda do seu Filho ao mundo? Se tivesse deixado esse tempo toda à humanidade sem a presença de Jesus? Já pensou se Ele resolvesse hoje, neste tempo, nesta época escolher uma jovem para ser a Mãe do seu Filho-Salvador?

Com toda a certeza Deus encontraria, mas, iria ter um trabalhão para encontrar. Por quê? Quando Maria disse “SIM”, ela era jovem, tinha entre 14 e 16 anos de idade. Era bonita, bem aparentada, prendada, uma verdadeira dona de casa.

O padre José Ribolla, redentorista gaúcho, em seu livro “O PLANO DE DEUS”, relata: “Estamos acostumados a venerar Maria nas suas imagens de rainha, coroada e vestida com o manto de rainha, lá no nicho, no alto, no trono. Mas, parece-me, é preciso também descê-la, conversar com Ela como a dona de casa que Ela foi. De chinelo e avental, cozinhando a redenção, varrendo a redenção, lavando, arrumando a redenção. A mulher do povo, a dona de casa. Justamente por sua vida normal de uma dona de casa, mulher simples do povo, é que Maria se tornou a maior santa desde o começo até o fim do mundo”.

diaconoluizgonzaga@gmail.com


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