quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"Cueca cheia , bolso vazio"

“CUEACA CHEIA, BOLSO VASIO”

Mas um escândalo na capital do país. Mas uma vez se repete a prática do “mensalão”, “mensalinho”, roubo ou como queira você chamar.

Cueca, meia, paletó, bolsa, bolso repleto de dinheiro roubado de um povo que pede socorro. E para completar, a “oração” da hipocrisia e do deboche. Rezam por um dinheiro anátema.

É preciso mudar. Precisamos parlamentares que estejam dispostos a desligar o retrovisor, o espelhinho que mostra tudo o que já passou.

O futuro político de nosso país, não pode mais depender da sobrevivência deste ou daquele partido político ou deste ou daquele parlamentar que trai o seu eleitor, trai o povo.

No Império Romano o que interessava os césares, não era o bem estar do povo, muito menos a união em si, mas o predomínio e a hegemonia política do poder central.

Estamos em Brasília sobre o mesmo princípio. A politicagem brasileira adota o mesmo figurino político-administrativo do Império Romano. Roma o centro do mundo e o centro da corrupção.

Brasília, centro do Brasil, capital do “mensalão”, “mensalinho”, roubo, dinheiro na cueca.

Atribuir a um político todo o direito de fazer tudo o que está ao seu alcance é o primeiro passo em direção a um holocausto de proporções imprevisíveis.

Tantas teorias são propostas pelos mesmos, mas, para que serve a mais bela das teorias quando seus postulados se encontram fora do alcance da prática?

Cheguei ingenuamente até acreditar que teríamos um país mais justo, que poderíamos tirar o Brasil de um ambiente de museu que vive e expô-lo à plena luz de novos momentos.

Mas, infelizmente, presidentes, ministros, senadores, deputados..., são figuras que têm dificuldades enormes em ambientar-se num mundo radicalmente diferente daquele em que fizeram suas carreiras, o ambiente da corrupção.

Por isso o nosso crescimento é lento, quase que morrendo.

O que queremos, são pessoas dinâmicas, justas, corretas, capazes de nos mostrar uma porta de saída do passado de roubo, corrupção, barganha e termos um escopo capaz de nos levar a um futuro limpo.

A desgraça do Brasil está em que quase 200 milhões de brasileiros, dependem dos humores, idiossincrasias e decisões desses “representantes do povo”.

A grande tentação desses poderosos é a AUTOLATRIA. Toma o poder que possuem (de fato e direito infelizmente) como pretexto para se considerarem superiores, melhores do que os demais.

Meus irmãos têm como reverter isso. O voto certo e exercer o nosso papel de profeta de Deus. O profeta entra em ação quando o poder passa a ser exercido sem qualquer compromisso com os que dele dependem. Quando o poder passa a gerar mais poder ainda e quando os que o possuem, passam a concedê-lo a auxiliares e sucessores de sua própria escolha.

Chegou à hora do profeta levantar a voz! A situação política do país clama por profetas. O profeta vem de fora, da margem social. Vem da parte de Deus e sua missão é das mais perigosas, já que proclama o que ninguém se anima a dizer.

A essência da missão do profeta é ser arauto das verdades que muitos não querem ver e aceitar (fome, miséria, injustiça, corrupção...).

Profetas são crianças ingênuas: dizem o que vêem e não o que os outros todos fazem de conta que não estão vendo. Sua atitude de absoluta franqueza desagrada a muitos, grandes e pequenos.

O profeta clama, brada por mudanças que muitos não querem aceitar. Proclama a necessidade de conversão e da prática da justiça.

E por falar em justiça, ela sempre foi bandeira de Igreja. Já era assunto dos profetas do Antigo Testamento. A linguagem de hoje usada pela igreja é “caldinho de peteca” comparada à voz dos profetas.

Vejamos alguns: Isaias 10,1-4 e Amós 2,6-7 entre tantos outros.

Isaias 10,1-4Ai de vós que decretam leis injustas e editam escritos de opressão para desapossarem os fracos do seu direito e privar da sua justiça os pobres do meu povo, para despojar as viúvas e roubar os órfãos.

Que fareis no dia do castigo, quando a ruína vier de longe? A quem correreis em busca de socorro, onde deixareis as vossas riquezas, para não terdes de vos arrastar humildemente entre os prisioneiros, para não caí entre os cadáveres?

Com tudo isso, sua ira não abrandou, e sua mão continua estendida”.

Amós 2,6-7 Assim diz o Senhor: “Pelos três crimes de Israel, pelos quatro não voltarei atrás; porque vendem o justo por dinheiro e o pobre por um par de sandálias. Esmagam sobre o pó da terra a cabeça dos fracos e tornam torto o caminho dos humildes...”.

Se quiserem mais é só ler: O evangelho de Lucas e as cartas de São Tiago.

São poucos os que se dispõe a operar em sua vida mudanças verdadeiramente radicais. Os que seguiram a Jesus foram poucos, porque a condição para ser discípulo seu era esta: “Convertei-vos”.

Assim como os indivíduos os partidos políticos necessitam de conversão. É em seu seio que os vícios particulares dos indivíduos adquirem mais facilmente proporções epidêmicas. São os partidos políticos que fornecem a alguns mais ambiciosos a fachada por detrás da qual podem esconder a verdadeira natureza do seu “zelo” pelo povo, ou seja, nenhum.

É necessário mudança. E a mudança tem que começar pela cabeça. Os que possuem o mando têm que dar o primeiro passo. Mas o que se vê em Brasília é desolador, desencantador. Nos planos hierárquicos mais elevados não se encontra uma única cabeça disposta a correr o risco de se comprometer com as mudanças que possam ameaçar direitos adquiridos.

Muitos pensam que, quem precisa de conversão é o povo e não os políticos ou seus partidos. Isto porque o povo já não obedece mais a seus “pastores políticos” com a mesma docilidade de antes.

Um político, um partido, uma instituição que não sente necessidade de conversão, dirigida por uma cúpula de “homens” que se consideram acima de qualquer suspeita moral, encara com desconfiança o profeta do tempo presente.

E quem é este profeta? Somos todos nós, em especial os leigos, chamados pelo batismo a vivermos esse papel.

Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica no nº 2442: “Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fieis leigos que, agem por própria iniciativa com os seus concidadãos... Cabe aos fiéis leigos, animar as realidades temporais com o zelo cristão e comportar-se como artesão da paz e da justiça”.

Você sabia disto? Se não sabia, agora sabe. Seja um profeta de Deus contra toda essa roubalheira que se instalou em Brasília e pelo Brasil a fora.

Como vimos nos textos bíblicos aqui citados, a justiça faz parte de religião sim, faz parte do evangelho de Cristo sim. A justiça sempre foi bandeira do evangelho.

Esses “senhores” donos da “verdade” que se enfurecem contra a Igreja quando a mesma brada por justiça, ética, moral, por favor, leiam e meditem a Palavra de Deus, ouçam a voz da Igreja de Cristo.

Será que pessoas assim podem, sinceramente, coloca a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente diante de tudo o que fizeram contra os seus conterrâneos?

Tomemos por exemplo Dom Elder Câmara que, ensina-nos a sermos firmes na defesa da justiça para a construção de uma nova e melhor sociedade

Seja, portanto, um arauto do Senhor contra a corrupção no Brasil. Viva o seu papel de profeta do tempo presente e ajude a diminuir tanta desigualdade e injustiça em nosso país.

Diácono Luiz Gonzaga

Arquidiocese de Belém – Amazônia – Pará – Brasil.

diaconoluizgonzaga@gmail.com

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