sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"SOMOS ADMINISTRADORES DA CRIAÇÃO, NÃO PROPRIETÁRIOS DELA".


"Somos administradores da criação, não proprietários dela"

Cardeal Maradiaga participa da Cúpula do Clima em Durban

H. Sergio Mora

ROMA, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - O Protocolo de Kyoto não é suficiente e a cúpula de Durban não é apenas uma circunstância política. O problema do aquecimento global é verdadeiro, mas vai além do político, pois é um desvio na obra da criação. Há esperança de que o público comece a entender o problema e é preciso trabalhar duro para criar essa consciência, especialmente entre os jovens.

São aspectos destacados em entrevista a Zenit pelo cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, em seu retorno da Cúpula de Durban. A XVII Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas, que começou em 28 de novembro naquela cidade da África do Sul, terminará nesta sexta-feira e terá que decidir sobre o futuro do Protocolo de Kyoto, ou seja, sobre como reduzir as emissões de gases de efeito estufa daqui até 2020.

Representantes de cerca de 190 países sentaram-se à mesa de negociações na convenção das Nações Unidas e deverão definir como reforçar o protocolo, cujas medidas anti-emissões de gases expiram no próximo ano, e se ele será prolongado até 2020 com o fim de reduzir o aquecimento global.

O Vaticano está representado pelo núncio apostólico no Quênia. O cardeal Maradiaga participa como presidente da Caritas Internacional.

Maradiaga afirma que a situação "não é apenas um fenômeno de aquecimento global, mas um desvio na obra da criação", porque, segundo ele, "ainda não temos a perspectiva de ser administradores da criação em vez de seus proprietários".

A cúpula, portanto, não é apenas uma "circunstância política", embora, infelizmente, ela "tenda a reduzir o problema a isso", lembrou o purpurado. "Devemos falar de algo que é da humanidade, que é um bem comum a todos".

Para o presidente da Caritas Internacional, a opinião pública está mudando quanto à necessidade de se defender a criação: "Sobre isso, eu acredito que há mais consciência a cada dia".

Maradiaga meniconou ter participado, no início da cúpula em Durban, de uma palestra de um prêmio Nobel que expunha as evidências científicas das mudanças climáticas. O cardeal se mostrou convencido da veracidade do problema e afirmou que "não se trata de manipulação da comunicação social".

“Esta semana será decisiva e esperamos que as grandes potências dêem um passo adiante”, embora "não seja suficiente dizer que ‘manteremos o Protocolo de Kyoto’; precisamos de medidas concretas. Claro que seria uma tragédia se o Protocolo de Kyoto morresse em Durban, mas queremos mais do que apenas a sua continuidade. O protocolo em questão é muito limitado quando comparado com o que devemos fazer. Por isso é importante que a opinião pública perceba que precisamos construir um futuro melhor para a humanidade".

O cardeal disse que a Caritas Internacional começou a trabalhar para educar, especialmente os mais jovens, na defesa da criação. Ele citou, por exemplo, a reunião da semana passada entre Bento XVI e sete mil jovens, e o discurso "muito forte e adequado, feito pelo papa, a fim de levantar a questão".

O papa Bento XVI, na Sala Paulo VI, se dirigiu aos jovens participantes no projeto "Ambientemo-nos na escola", patrocinado pela Fundação "Sorella Natura", no Dia da Salvaguarda da Criação, 29 de novembro.

Ele disse que “não há um bom futuro para a humanidade sobre a terra se não educarmos todos para uma forma mais responsável de vida e de relacionamento com a criação”, e se, neste contexto, “for esquecido o reconhecimento do valor da pessoa humana e da sua inviolabilidade em cada fase da vida e em toda a sua condição”.

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