sexta-feira, 6 de maio de 2011

Bispos analisam conjuntura social e eclesial do pais.


Qui, 05 de Maio de 2011 18:10
Fonte: CNBB

Na missa desta quinta-feira, 5 de maio, os participantes dia Assembléia dos Bispos dos Brasil iniciaram o segundo dia rezando pelas vítimas das catástrofes naturais ocorridas em várias regiões do país ocorridas neste ano.

Dom Edney Gouvêa Mattoso, bispo de Nova Friburgo, uma das cidades mais castigadas na região serrana do Rio de Janeiro, presidiu a celebração no Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP).

Dom Edney destacou, nos textos litúrgicos, a coragem de Pedro ao afirmar a necessidade de “obedecer a Deus antes que aos homens”. “A voz do apóstolo, com o colégio apostólico reunido, torna-se a voz da Igreja e do Espírito Santo”, disse.

O bispo lembrou os desequilíbrios da ordem natural e destacou o papel da Igreja de denunciar o pecado “na sua dimensão pessoal e social” e anunciar “a redenção em Cristo de toda a ordem criada”.

Para dom Edney, as catástrofes, como a ocorrida na região serrana do Rio, são causadas “pela impetuosidade indômita da natureza, em parte, agravada pelas omissões e irresponsabilidade daqueles que deveriam ter presente a tutela do bem comum e, apesar disso, por interesses escusos permitem construções em áreas que são naturalmente de risco”.

“Faz parte de nossa missão de pastores do rebanho que nos foi confiado estar com os infelizes e ser sua voz que grita a Deus, não com critérios da terra pura e simplesmente, como assistentes sociais ou ativistas políticos”, sublinhou dom Edney.

Segundo o bispo, ao lado de iniciativas emergenciais de socorro às vítimas deve estar presente “o compromisso evangélico do anúncio da vida e a denúncia profética das injustiças, fraudes e verdadeiros crimes contra a humanidade e a criação”.


Presidente do IPEA: Análise da Conjuntura Social brasileira

“Estamos vivendo um momento em que as instituições são fundamentais na formação da opinião pública, e neste sentido a Igreja tem uma inegável na oportunidade de ajudar na melhor compreensão da realidade e ajudar a formar grandes convergências em torno da imensa desigualdade brasileira”. Essas foram algumas palavras do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Márcio Pochmann, que fez ontem, 4, uma Análise da Conjuntura Social aos bispos participantes da 49ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida (SP).

Esta não é a primeira participação do economista numa assembleia da CNBB. Nos anos 1990 ele foi convidado a falar, à época, sobre desemprego no Brasil. “Aquela vez foi uma discussão maior do ponto de vista da atuação da Igreja frente a esse tipo de realidade. Hoje a percepção que eu tenho é de uma compreensão de outra ordem do ponto de vista da reação dos bispos em termos de questões e considerações a respeito do entendimento da velocidade das mudanças que estão em curso”.

Segundo Márcio Porchmann, o que ele destacou aos bispos foi sobre o que historiadores chamam de aceleramento da História. ”Estamos em um momento histórico, em que vivemos mudanças abruptas, e de tempos em tempos essas mudanças ocorrem de maneira mais acelerada. O problema da demografia, por exemplo, é absolutamente inédito no caso do Brasil. Em duas décadas a população vai mudar completamente. Há um processo de envelhecimento muito grande, redução da presença de pessoas com idade mais jovem, vai começar a sobrar vagas nas escolas, consequentemente um esvaziamento das cidades (cidades mortas)”. O pesquisador citou o exemplo de um bispo que afirmou que antes, em sua diocese havia 500 casamentos por ano, e hoje, há 50. “Sinal claro da redução populacional e aumento migratório brasileiro”, disse Porchmann.

Para a 49ª Assembleia, Márcio falou também sobre migração social. “O Brasil, de certa maneira, foi um país que houve muita mobilidade. Atualmente há um aumento migratório significativo, então há a preocupação da Igreja na capacidade de interferir nesse fenômeno, e na verdade a Igreja faz parte de uma sociedade em transformação, por isso o IPEA veio aqui hoje para propor um acordo de cooperação técnica com a CNBB, com o objetivo de fornecer informações mais precisa do ponto de vista de assuntos como: demografia, processo de envelhecimento, mudança da estrutura das famílias. Então a preocupação da Igreja é substancial do ponto de vista de uma instituição milenar. É entender o seu próprio tempo. A Igreja não é uma instituição atemporal, ela procura conhecer melhor o seu momento a sua realidade do ponto de vista de uma atuação, especialmente em uma Conferência como esta, que diz respeito a construção de grandes convergências, do ponto de vista da atuação”.

Porchmann finalizou dizendo que haverá, após a Assembleia, em local e dada ainda incerto, uma reunião com CNBB para ratificar o acordo de cooperação entre ambas as instituições.


Pe. Mário de França Miranda: O momento atual pede coragem de “ousar iniciativas novas”

A última sessão do primeiro dia da 49ª Assembleia da CNBB foi dedicada à análise eclesial, feita pelo teólogo padre Mário de França Miranda.

Num texto de oito páginas, o teólogo discorreu sobre seis pontos: nova evangelização, a pessoa de Jesus Cristo, a missão da Igreja, iniciação à vida cristã, Igreja local e comunidades menores e Igreja e realidade sociopolítica.

Segundo padre França o momento crítico vivido na história da humanidade e da Igreja com repercussões em todo o país pede “coragem de encarar a realidade, de discernir o que convém à fé cristã, de ousar iniciativas novas”.

“Vivemos a passagem de uma Igreja de cristandade para uma Igreja de diáspora que nos aproxima de certo modo do cristianismo primitivo”, acentuou o teólogo.

Sobre a relação da Igreja com a realidade política, padre França lembra que “os pobres são importante para manter a Igreja fiel ao espírito do Evangelho”. Em sua opinião “o cristão não pode ceder de modo simplório ao maniqueísmo político, nem cair na tentação do evangelismo político que identifica a fé cristã com alguma opção política concreta”.

“Sem diaconato permanente falta uma parte essencial do corpo da Igreja”

Foi o que disse o arcebispo de Maringá (PR) e presidente da Comissão de Atualização das Diretrizes do Diaconato Permanente (tema prioritário da AG), dom Anuar Battisti, na tarde desta quinta-feira, 5, durante a coletiva de imprensa.

Segundo dom Anuar, o diaconato permanente não é uma imposição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nem da Igreja no Brasil, mas uma proposta que pode receber a adesão de qualquer diocese. “O bispo está totalmente livre para decidir se terá ou não diáconos permanentes na sua diocese”, explicou.

A Igreja tem por objetivo somar com os diáconos permanentes e não tomar o lugar de padres, conforme o presidente da Comissão. “Cabe aos clérigos, estar nas comunidades para coordenar trabalhos e dar assistência às comunidades. Não cabe a eles tomarem lugar de padres, mas somar para a vida da Igreja”. Dom Anuar pontuou ainda alguns dos trabalhos desempenhados pelos diáconos permanentes na Igreja e na vida da sociedade.

“Eles são responsáveis por realizações de batizados, proclamação do Evangelho, assistência e bênçãos de matrimônios”, disse dom Anuar sobre o serviço do diácono. “Na comunidade, o diácono pode trabalhar na assistência social, é isento da política partidária, mas pode trabalhar na vida política e econômica e em todas as tarefas que possam somar na vida da sociedade que ele está inserido”, disse.

Novas Diretrizes

O texto das Novas Diretrizes para o Diaconato Permanente, documento nº74 da CNBB, deverá será aprovado ao longo da AG. O documento está em processo de atualização desde agosto de 2010. Caso seja aprovado, a presidência da CNBB encaminhará o material para a Congregação para a Educação Católica, em Roma, que deverá dar a aprovação definitiva do documento.


Dom Joaquim Giovani Mol: "mudanças significativas, se aprovadas as novas DGAE"

Na segunda coletiva de imprensa da 49ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida (SP) contou com a presença do bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), dom Joaquim Giovani Mol Guimarães; do arcebispo de Maringá (PR), dom Anuar Battisti; e do bispo de Nova Friburgo (RJ), dom Edney Gouvêa Mattoso.

Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães falou um pouco mais sobre o tema central da Assembleia, às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Dom Giovani Mol afirmou que está em curso uma mudança “significativa” na forma de elaboração destas Diretrizes Gerais. “Primeiro devo destacar e lembrar que a missão primordial da Igreja é Evangelizar. Tudo mais é consequência dessa missão. E a Igreja, ao assumir a sua missão ela adquiriu no Brasil uma grande experiência de planejamento dessa Ação Evangelizadora. Então a proposta da Comissão Episcopal do Tema Central é assumir as Diretrizes verdadeiramente como Diretrizes. As Diretrizes são as grandes linhas, o apontar o caminho da Igreja de modo que na diversidade da própria realidade, cada Igreja particular, a partir dessas Diretrizes, elaborar o seus planos de Ação Pastoral Evangelizadora. Eu considero isso um avanço, um passo adiante na história de planejamento da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

Dom Joaquim Mol citou os cinco pontos pastorais que estão sendo debatidos pelos bispos nesta Assembleia. “O primeiro é Igreja em Estado Permanente de Missão, há um desejo enorme de dialogar todas as pessoas, para que Jesus seja conhecido, amado e tenha adesão de todas as pessoas; Igreja – casa de iniciação cristã, a vida cristã é casa de iniciação à vida cristã; Igreja fonte de animação bíblica, nesta nota se destaca o Verbo Domini, que são as conclusões do Sínodo sobre a Palavra de Deus; Igreja Comunidade de Comunidades, os pequenos grupos facilitam a vivencia da fé; Igreja a serviço da vida plena no mundo, desde a fecundação até o término natural da vida, porque o fundador da Igreja deu a sua própria vida para que todos tenham vida, e vida em abundância”, disse dom Mol, que é também é reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas).

Dom Mol destacou que se aprovada as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, ela entra imediatamente em vigor para todas as Igrejas particulares do Brasil. “Tem um tempo de publicação, e no segundo semestre as dioceses fazem assembleias, revisão das Ações Evangelizadoras, fazem os planejamentos do ano, então, se aprovadas as Diretrizes, imediatamente serão implantadas”.

Segundo dom Mol, as universidades são colaboradoras da Igreja na missão de ajudar o mundo a ser melhor. Perguntado se as novas Diretrizes, se aprovadas, atingem diretamente a sociedade, dom Mol afirmou que a Igreja se coloca em defesa da vida. “Desde a fecundação até o seu término natural, porque aí está também à defesa da vida dos pobres, à defesa da vida dos indígenas, da cultura, dos negros, dos grupos excluídos, dos moradores de rua, então, permanentemente as Diretrizes devem estar em diálogo com a sociedade”, destacou.


Assembleia aprova criação da Comissão para a Juventude.

Os bispos que participam da 49ª Assembleia da CNBB acabam de aprovar a criação de uma Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude. Com a decisão, os assuntos de juventude que eram tratos num dos Setores da Comissão para o Laicato ficam sob a responsabilidade da nova Comissão.

A proposta de uma Comissão exclusiva para a Juventude foi um pedido dos bispos referenciais da Juventude nos 17 regionais da CNBB e defendida na Assembleia pelo bispo auxiliar de Campo Grande (MS), dom Eduardo Pinheiro, atual responsável pelo Setor Juventude da CNBB.

Um dos principais argumentos usados por dom Eduardo foi a opção da Igreja no Brasil pela urgente evangelização da juventude, expressa no Documento 85 da CNBB “Evangelização da Juventude”.


Bispos assinam petição para beatificação de dom Luciano

O arcebispo de Mariana e presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, anunciou ontem para os bispos reunidos na 49ª Assembleia da Conferência que a partir de agosto a arquidiocese de Mariana dará início ao processo de beatificação de dom Luciano Mendes de Almeida, morto no dia 27 de agosto de 2006. Dom Geraldo solicitou que os bispos assinassem a petição da beatificação a ser encaminhada à Santa Sé ao que os mais de 300 bispos responderam com uma sonora salva de palmas, pondo-se prontos para atender ao pedido.

Segundo dom Geraldo, somente após a aprovação do pedido pela Santa Sé é que a arquidiocese poderá instalar o tribunal que conduzirá o processo de beatificação. O tempo determinado para entrar com o pedido de instauração do processo de beatificação de uma pessoa é de cinco anos após sua morte.

Dom Luciano foi arcebispo de Mariana durante 18 anos (1988 a 2006). Foi secretário e presidente da CNBB por dois mandatos consecutivos em cada uma das funções. Estimado por todo o episcopado brasileiro, dom Luciano ficou conhecido especialmente pelo seu amor aos pobres e excluídos e pela defesa dos direitos humanos.


União homoafetiva

Perguntados sobre o julgamento da união homoafetiva que acontece no Supremo Tribunal Federal (STF) desde ontem, 4, em Brasília, o porta-voz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a 49ª AG, dom Orani João Tempesta, e os três bispos que concederam a coletiva de imprensa responderam aos jornalistas com a posição da Igreja sobre o tema. Dom Orani, porém, frisou que a discussão não é assunto da Assembleia Geral.

Para dom Orani, “A Igreja sempre defendeu e defenderá os direitos das pessoas. É contra qualquer exclusão, sempre combateu todas as formas de exclusões, luta pelos oprimidos e quer levar a vida para todos”.

O bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), dom Joaquim Mol Guimarães, disse que é justo quando se concede aos casais homoafetivos os direitos econômicos, repartição de bens, mas ressaltou que a preocupação da Igreja é com a entidade família.

“Penso que se pontua muito bem quando se fala de direitos econômicos, repartição de bens aos casais homoafetivos. Tudo isso tem que ser feito mesmo quando as pessoas estão conjuntamente empenhadas, mas a grande preocupação da Igreja e de muitas outras pessoas e instituições é exatamente com a base da família. Penso que esse é o grande pano de fundo do julgamento que está se dando, agora, no Supremo”.

Dom Edney Gouvêa Mattoso, bispo de Nova Friburgo (RJ) disse que é preciso para a diferença entre união civil e casamento. “Uma coisa é união civil, outra coisa é casamento”. Ainda segundo ele, “o direito de duas pessoas que conviveram e constituíram patrimônio, herdar, eu penso que é consenso, mas não se deve chamar a essa união casamento”.

“Nós sempre defenderemos a união sacramental da família: ‘os dois formarão uma só carne e o que Deus uniu o homem não separa”’, completou o arcebispo de Maringá (PR), dom Anuar Battisti.

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