terça-feira, 5 de abril de 2011

CASAIS DE SEGUNDA UNIÃO


Diácono Luiz Gonzaga
(Arquidiocese de Belém – Pará – Amazônia – Brasil)

Estive recentemente participando de um encontro com casais de segunda união, pude observar nas conversas que tive com alguns casais no final do mesmo, a preocupação deles com o que as pessoas pensam e falam deles.
Serão ou não aceitos, serão ou não acolhidos pelo pároco, vigário ou por todos da comunidade. Alguns chegaram a relatar que, é como se eles possuíssem uma doença contagiosa, uma espécie de câncer, onde as outras pessoas têm medo de se aproximarem para não serem contagiados, achando que se tocarem ou falarem com eles dentro da Igreja, estarão impuros pelo fato de serem casais de segunda união.

Exageros a parte, é muito bom e salutar ver a iniciativa da Igreja Católica em se preocupar com esses irmãos de segunda união, em levar aos mesmos, esclarecimentos espirituais e religiosos, em buscá-los para reuni-los nos redil do Senhor. Fazer com que possam sentir-se acolhidos e amados por Deus a cada encontro que se realiza.

Agora, será que estamos de uma forma verdadeira, concreta, acolhendo, abrindo o nosso coração a esses irmãos? Estamos tendo misericórdia para com eles? Estamos amando-os, respeitando-os na condição em que estão vivendo? Ou será que o preconceito tem sido maior diante daqueles que são “casais de segunda união”? Será que estamos observando mais os papeis do que as pessoas, seus corações?

Ouvi o relato de um casal que estava sendo discriminado dentro da paróquia em que vive por estarem à frente de um grupo e por coordenarem uma pequena comunidade de periferia. Sabemos muito bem que isso é muito comum, principalmente aqui em terras amazônicas, marajoaras.
Agora, se um casal de segunda união pode ou não estar à frente de um grupo, pastoral ou movimento dentro da Igreja, se pode ou não coordenar uma comunidade, não cabe a eu responder.
Esta pergunta deveria ser feita aos casais que estão de forma “regular” dentro da igreja, ou seja, são casados, receberam o sacramento do matrimônio, mas, não vivem praticam, exercitam o mandamento do Cristo do “Ide e anunciai” (Mt.28,19), a estes casais “regulares” dentro da Igreja é que deveria ser feita tal pergunta.

Apesar de o assunto “segunda união” não ser especificamente mencionado na bíblia, as escrituras apresentam algumas advertências que parecem relevantes.

1- Forme sua nova família em Cristo. Se já foram cometidos erros no passado, busquem o perdão de Deus e de outros envolvidos e abandone o que se passou, a fim de caminhar com alegria para futuras oportunidades.
2- Reconheça abertamente que cada membro da família tem um relacionamento distinto e insubstituível com Cristo e que juntos vocês são uma “miniversão” do Corpo de Cristo em ação.
3- Busquem entender e desenvolver os dons espirituais individuais em sua nova família. Orem juntos. Façam de Cristo o cerne da atenção e a maior autoridade em sua casa.
4- Determine claramente as linhas de autoridade e de responsabilidade. Quanto maior a responsabilidade dos pais sobre os filhos, maior a autoridade que ele ou ela devem exercer.
5- Dialogue aberta e francamente com seu cônjuge a necessidade de se definir com clareza as regras para os pais sobre cada filho da nova família em formação, a fim de manter a ordem no lar (1 Cor.14,40).
6- Que possa haver uma comunicação encorajada, harmonia cordial, paz e ordem requerem comunicação clara, direta e convincente. Possibilite conversas para esclarecer desavenças, compartilhar idéias e opiniões e tomar decisões familiares, mostrando apreciação pela contribuição de cada um (Ef.4.29-32).
7- É necessário reconhecer os valores e diferenças individuais – mesmo que seu alvo seja manter a união familiar. Permita que cada pessoa tenha liberdade de expressar sua própria personalidade, suas habilidades e suas capacidades dentro das regras familiares (Rom. 12.9-12).
8- Descobrir e realizar atividades que satisfaçam a todos (Am.3,3).

Penso que ao invés de criticarmos os nossos irmãos de segunda união que estão à frente de algum encargo dentro da Igreja, seria melhor acolhe-los e torná-los “ferramentas”, “braço forte” dentro da mesma para o engrandecimento do Reino de Deus entre nós.

Que Deus tenha compaixão de nossas almas e muita misericórdia de todos nós que, muitas vezes, queremos ser o próprio “Deus” quando partimos para o julgamento e condenação dos nossos irmãos.

diaconoluizgonzaga@gmail.com
diaconoluizgonzaga.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário