Relativismo Religioso
Certamente,
caro leitor, em algum momento você já ouviu falar em relativismo
religioso.
Talvez não tenha tido interesse pelo assunto por pensar que
isto não tem relação alguma com sua vida cotidiana.
O fato é que o
relativismo e, sobretudo o relativismo religioso constitui um sério
problema nos nossos tempos; muitos, inocentemente, se deixam levar e
influenciar por ele.
Por
relativismo entende-se a negação da verdade absoluta e perene. O
relativismo é uma corrente de pensamento que já existe desde a
antiguidade, basta lembrar o filósofo Protágoras de Abdera (nascido
entre 491 e 481 a.C), considerado como o fundador do relativismo
ocidental, que afirmava: “o homem é a medida de todas as coisas, das que são por aquilo que são e das que não são por aquilo que não são”.
Em última análise o homem é o próprio critério da verdade. O problema
do relativismo atinge as várias dimensões da vida humana: moral, ética,
religiosa, política, social etc.
O
então cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, em sua homilia
proferida na Santa Missa de abertura do Conclave (18 de abril de 2005),
fez a seguinte afirmação: “Quantos
ventos de doutrina viemos a conhecer nestes últimos decênios, quantas
correntes ideológicas, quantas modalidades de pensar…! [...] O ter uma
fé clara, segundo o Credo da Igreja, é muitas vezes rotulado como
fundamentalismo. Entrementes o relativismo ou o deixar-se levar para cá e
para lá por qualquer vento de doutrina aparece como orientação única à
altura dos tempos atuais. Constitui-se assim uma ditadura do
relativismo, que nada reconhece de definitivo e deixa como último
critério o próprio eu e suas veleidades”. Em minha opinião, esta colocação do Papa sintetiza a problemática do relativismo religioso.
Muitos
irmãos católicos, enfraquecidos na fé tem se deixado levar pelos ventos
de doutrina que constantemente sopram nos céus da história e enganados
pela esperteza dos homens tem abandonado a sã doutrina e abraçado
doutrinas estranhas à fé cristã. Muitos pensam que ser católico e também
ter outras crenças, freqüentar outros ambientes de “fé” é algo normal e
muito bom. Uns chegam a afirmar: “Ah! Vou a todo canto que fala de
Deus!”. Parece que já não há critério de discernimento e nesse caso a fé
católica reduz-se a mais uma verdade e mais um credo em meio a tantos
outros e isso é gravíssimo!
Há
uma grande confusão, pois muitos têm anunciado Jesus, mas anunciam um
Jesus distorcido, que não é o que a Igreja anuncia por XX séculos de
história, criando dessa forma várias figuras de Jesus. Na verdade
anunciam um Jesus que se adéqua às necessidades e anseios de cada
pessoa. Nesse sentido a fé se torna algo muito subjetivo e intimista; é
uma fé de conveniências. Muitos que se dizem católicos seguem a doutrina
de seitas que estão alicerçadas no misticismo, no esoterismo, na nova
era, na evocação dos mortos, em filosofias orientais com muita
naturalidade. O Santo Padre ao falar aos bispos do Regional NE-3, por
ocasião da visita ad limina, sublinhava
que os batizados não estavam sendo suficientemente evangelizados e pela
falta de uma fé sólida se deixam enganar por tantas “verdades” que
estão por aí (10 de setembro de 2010).
É
um imperativo a todos nós aprofundar nossa fé, ter uma vivência cristã e
acreditar naquilo que a Igreja ensina, só assim caminharemos no caminho
da verdade plena que é Cristo Jesus. Que a breve exposição desse tema,
que a meu ver é muito delicado e importante para os nossos dias, tenha
ajudado você, caro leitor, a compreender que a sã doutrina não se
encontra por aí em qualquer beco de esquina, mas na Igreja de Cristo.
Encerro essa reflexão citando as palavras do nosso saudoso D. Estevão
Bettencourt, osb: “A Igreja sabe
que a Palavra de Deus revela com veracidade quem é Deus e qual o seu
plano de salvação. [...] Ao proclamar a verdade absoluta, a Igreja não
ignora a influência, às vezes prejudicial, das culturas na formulação
dos juízos religiosos e éticos de cada indivíduo, mas os católicos crêem
que esses possíveis obstáculos e desvios podem ser corrigidos pela
insistência de quem procura sinceramente” (Revista Pergunte e Responderemos, nº 531, ano 2006, p. 394 – disponível em: http:// www.presbiteros.com.br/site/o-que-e-o-relativismo/).
Seminarista Felipe Costa Silva
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