sexta-feira, 11 de maio de 2012

O DIÁCONO É UM HOMEM DIVIDIDO ENTRE DOIS SACRAMENTOS?

O DIÁCONO É UM HOMEM DIVIDO ENTRE DOIS SACRAMENTOS? Diác. Alberto Magno – Arquidiocese de Brasília/DFENAC/CND Refletindo sobre a vivência do ministério diaconal nos deparamos com a questão da “dupla sacramentalidade”. Esta expressão quer significar que o diácono permanente é um homem que, antes do Sacramento da Ordem, foi chamado por Deus ao Sacramento do Matrimônio. Divide-se entre os deveres de esposo, pai e profissional, pois em sua esmagadora maioria o diácono é casado, vive de uma profissão secular e ao serviço do Povo de Deus através da Igreja. Esta “dupla sacramentalidade” seria então causa de uma divisão ontológica do diácono? Seria ele um homem dividido entre duas vocações? São Paulo no capítulo sétimo da primeira carta aos Coríntios trata do assunto: “Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo de agradar à esposa, e fica dividido” (v. 33), e por sua vez a mulher procura agradar seu marido e como ele tem deveres para com a vida familiar (v. 34). Embora Paulo manifestasse em sua carta a grandeza da vida una e indivisa, reconhece que “cada um recebe de Deus o seu dom particular” (v. 7). Assim, celibato e matrimônio são caminhos de santidade possíveis dentro do Plano de Salvação. A vocação diaconal é dom precioso de Deus para sua Igreja. Os homens chamados a este ministério têm profundo amor pela Santa Igreja, fundada na rocha que é o próprio Cristo. Homens de espiritualidade marcante, fervorosa e comprometida. Homens ligados à Palavra, ao altar, ao serviço dos irmãos. Parece então haver uma contradição, uma divisão: de um lado o desejo de servir à Igreja e aos irmãos, de outro o cuidado da família e com a realidade da vida secular. Uma divisão que poderia se transformar em fonte de sofrimento para o próprio diácono, sua família e até mesmo para a comunidade. É bem verdade que suas obrigações de marido, pai e trabalhador impõem limites ao seu ‘fazer’, mas não ao ‘ser’. A divisão, portanto não é ontológica, mas se dá tão somente no ‘fazer’. A divisão só acontece no nível do ‘ser’ quando o diácono se vê como uma espécie de quase-padre e, priorizando o trabalho pastoral, assume uma carga incompatível com seu estado. O diácono maduro entende o ministério como um dom de Deus e a Igreja como extensão de sua própria família. Primeiro vem a esposa, os filhos e demais parentes que carecem de seus cuidados, incluído aqui o trabalho profissional de onde tira seu sustento. Depois a família estendida, ou seja, a comunidade paroquial, também objeto do cuidado e atenção do diácono. Duas dimensões unidas pela graça do Espírito Santo que a todos une em seu amor. Equilibrar as exigências familiares e profissionais com os deveres pastorais necessita o apoio dos sacerdotes que dividem com o diácono as obrigações na comunidade. Um relacionamento caridoso, fraterno, aberto com os párocos permite ao diácono uma agenda que não prejudique a família e nem descure o dever pastoral. O campo de ação do diácono não se limita à sua atuação na vida comunitária, dentro dos muros da Igreja. A santificação do diácono se dá na vivência de seu ministério não só na Igreja, mas também, e quiçá principalmente, na família e no mundo. Como ministro ordenado o diácono é a presença do Cristo no mundo do trabalho, nos lugares aonde a Igreja não chega ou não pode entrar. Talvez seja mais importante e mais útil levar a Palavra e servir aqueles que estão longe, que estão fora, alheios à vida da graça. Em suma, o diácono precisa, como a maioria dos batizados, ser um pouco Marta e um pouco Maria. Viver uma vida ativa no cuidado com a família e o trabalho profissional, sem deixar de reservar um tempo para estar aos pés do Senhor, servindo também à Igreja.

2 comentários:

  1. Paz Diácono Luiz.

    Que bela mensagem, são poucos os homens de Deus a desempenharem bem este ministério.

    Continue nesta unção!

    Te convido a visitar e também seguir o meu humilde cantinho.
    Com todo amor.

    Em Cristo,

    ***Lucy***

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  2. Todos os dias a gente aprende, eu não sabia disso, talvez imaginasse, mas, nem saberia colocar as palavras, vc faz um belo trabalho, parabéns...Abraços!

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